Lição 10
31 de agosto a 06 de setembro
Vivendo o evangelho
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Ez 11-13
Verso para memorizar: “Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura Dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:8-10).
Leituras da semana: Rm 8:20-23; Jo 3:16, 17; Mt 9:36; Ef 2:8-10; 1Jo 3:16, 17; Ap 14:6, 7

Quando falamos em mandamentos, requisitos ou instruções de Deus corremos o risco de pensar que, de alguma forma, o que fazemos pode nos tornar merecedores ou contribuir para nossa salvação ou, de outro modo, obter o favor de Deus. Mas a Bíblia revela repetidamente que somos pecadores salvos pela graça de Deus mediante Jesus e Sua morte substitutiva na cruz. O que poderíamos acrescentar a isso? Ou, como Ellen G. White escreveu: “Se juntássemos tudo que é bom e santo, nobre e belo no ser humano, e apresentássemos o resultado aos anjos de Deus, como se desempenhasse uma parte na salvação humana ou na obtenção de mérito, a proposta seria rejeitada como traição” (Fé e Obras, p. 24).

Portanto, nossas obras de misericórdia e compaixão para com os necessitados não devem ter um foco legalista. Ao contrário, à medida que crescemos em nossa compreensão e apreciação da salvação, o elo entre o amor de Deus e Seu interesse pelos pobres e oprimidos será transmitido a nós, recebedores de Seu amor. Assim como recebemos, também doaremos. Quando vemos como Deus nos amou, também percebemos quanto Ele ama os outros e nos convida a amá-los também.


O dia 14 de setembro será o Dia Mundial do Desbravador. Celebre a data em sua igreja e valorize esse ministério.

Domingo, 01 de setembro
Ano Bíblico: Ez 14-17
“Deus amou ao mundo de tal maneira...”

João 3:16 diz: “Deus amou ao mundo de tal maneira [...]”. A palavra grega para mundo é kosmos, que significa “o mundo como uma entidade organizada e criada” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 5, p. 929). Esse verso trata da salvação da humanidade, mas o plano da salvação também tem implicações para toda a criação.

1. Leia Romanos 8:20-23. O que esse texto ensina sobre as questões mais amplas do plano da salvação? Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Somente o ser humano será libertado da ruína e da angústia do pecado.

B. (  ) A criação de forma geral aguarda para ser redimida da corrupção.

É evidente que a salvação diz respeito a cada um de nós em nosso relacionamento pessoal com o Senhor. Mas não para por aí. Justificação não é apenas ter nossos pecados perdoados. Ela também deve estar relacionada à maneira pela qual, por meio de Jesus e do poder do Espírito Santo, o Senhor cria a família de Deus, que celebra o perdão e a certeza da salvação ao testemunhar ao mundo mediante suas boas obras.

2. Leia João 3:16, 17. Como o verso 17 contribui para uma compreensão mais ampla do verso 16?

Aceitamos o fato de que Deus ama outras pessoas além de nós. Ele ama aqueles a quem amamos, e nos alegramos com isso. O Senhor também ama os que buscamos alcançar com o evangelho, e nosso reconhecimento dessa verdade é muitas vezes nossa motivação para que possamos alcançá-­los. Mas Ele também ama aqueles com quem nos sentimos desconfortáveis ou até amedrontados. Deus ama todas as pessoas, em todos os lugares, até mesmo aquelas de quem pessoalmente não gostamos.

A criação é uma forma de ver a demonstração dessa realidade. A Bíblia mostra de maneira constante o mundo ao nosso redor como uma evidência da bondade de Deus: “Ele faz nascer o Seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mt 5:45). A própria vida é um dom de Deus e, independentemente da resposta ou atitude do indivíduo para com o Criador, cada pessoa recebe esse dom.

Como isso deve mudar nossa atitude para com os outros e suas circunstâncias, quando os reconhecemos como seres criados e amados por Deus?


Segunda-feira, 02 de setembro
Ano Bíblico: Ez 18-20
Compaixão e arrependimento

As entremeadas histórias de salvação e o grande conflito nos convidam a reconhecer uma verdade sobre a vida que é fundamental à nossa compreensão do mundo e de nós mesmos: nós e nosso mundo somos caídos, arruinados e pecadores. Nosso mundo não é o que foi criado para ser e, embora ainda manifestemos em nós a imagem do Deus que nos criou, somos parte da ruína do mundo. O pecado em nossa vida é da mesma natureza do mal que causa tanta dor, opressão e exploração em todo o mundo.

Portanto, é justo sentirmos a dor, o incômodo, a tristeza e a tragédia do mundo e das pessoas ao nosso redor. Teríamos que ser robôs para não sentir o sofrimento da vida na Terra. Os lamentos no livro dos Salmos, o sofrimento de Jeremias e dos outros profetas, bem como as lágrimas e a compaixão de Jesus demonstram a pertinência dessa reação ao mal, especialmente àqueles que são, muitas vezes, feridos por causa das aflições.

3. Leia Mateus 9:36; 14:14; Lucas 19:41, 42, e João 11:35. De acordo com esses versos, o que moveu Jesus à compaixão? Como podemos ter um coração sensível à dor ao nosso redor?

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Precisamos nos lembrar de que o pecado e o mal não estão apenas ao redor nem são apenas o resultado da ruína das outras pessoas: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (1Jo 1:8). No entendimento dos profetas bíblicos, o pecado era uma tragédia, não primariamente porque alguém quebrou “as regras”, mas porque o pecado rompeu o relacionamento entre Deus e Seu povo, e porque nosso pecado fere outras pessoas. Isso pode acontecer em menor ou maior escala, mas é o mesmo mal.

Egoísmo, ganância, mesquinhez, preconceito, ignorância e negligência estão na raiz de todo mal, de toda injustiça, pobreza e opressão no mundo. E confessar nossa pecaminosidade é o primeiro passo para lidar com esse mal, bem como o primeiro passo para permitir que o amor de Deus ocupe seu devido lugar em nosso coração: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1:9).

Olhe para si. De alguma forma você também está arruinado e é parte do problema maior? Qual é a única resposta e o único lugar para onde você deve olhar?


Terça-feira, 03 de setembro
Ano Bíblico: Ez 21-23
Graça e boas obras

4. Resuma Efésios 2:8-10 com suas palavras. O que esses versos revelam sobre a relação entre a graça e as boas obras?

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A Bíblia revela que fomos criados para, entre outras coisas, adorar a Deus e servir aos outros. Somente em nossa imaginação podemos tentar entender como seriam essas ações em um ambiente sem pecado.

Por enquanto, por causa do pecado, conhecemos apenas este mundo arruinado e caído. Felizmente, a graça de Deus, expressada e representada no sacrifício de Jesus pelos pecados do mundo, torna possível o perdão e a cura. Portanto, mesmo em meio a essa existência arruinada, nossa vida se torna mais plenamente uma obra de Deus, e Ele nos usa para, juntamente com Ele, curar e reparar os danos e as feridas na vida dos outros (veja Ef 2:10). “Os que recebem devem comunicar a outros. De todas as direções vêm pedidos de auxílio. Deus roga aos homens que ministrem alegremente a seus semelhantes” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 103).

Não realizamos boas obras (ao cuidar dos pobres, elevar os oprimidos e alimentar os famintos) a fim de ganhar a salvação nem justificação diante de Deus. Em Cristo, pela fé, temos toda a aprovação de que necessitamos aos olhos do Senhor. Além disso, reconhecemo-nos como pecadores e vítimas do pecado, embora tenhamos a consciência de que somos amados e redimidos por Deus. Enquanto ainda lutamos contra as tentações do egocentrismo e da ganância, a graça abnegada e humilde de Deus oferece uma nova vida e um amor que transforma nossa vida.

Quando olhamos para a cruz, vemos o grande e pleno sacrifício feito por nós e percebemos que não podemos acrescentar nada ao que ele nos oferece em Cristo. Mas isso não significa que não devamos fazer algo em resposta ao que recebemos em Cristo. Ao contrário, devemos corresponder ao amor revelado a nós demonstrando amor aos outros.

5. Leia 1 João 3:16, 17. Qual deve ser nossa resposta à cruz? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A. (  ) Como Cristo deu a vida por nós, devemos dar nossa vida aos nossos irmãos.

B. (  ) Precisamos sempre pensar primeiramente em nós.



Quarta-feira, 04 de setembro
Ano Bíblico: Ez 24-26
Nossa humanidade em comum

Por Seu ministério e ensino, Jesus instigou uma inclusão radical. Todos os que sinceramente buscavam Sua atenção (mulheres de má reputação, coletores de impostos, leprosos, samaritanos, centuriões romanos, líderes religiosos ou crianças), eram recebidos com genuína ternura e cuidado. Como a igreja primitiva viria a descobrir de maneira transformadora, isso incluía a oferta do dom da salvação.

À medida que os primeiros cristãos lentamente reconheciam a característica inclusiva do evangelho, eles não apenas acrescentavam à sua fé boas obras em favor dos outros como uma coisa “boa” a ser feita. Isso era fundamental à sua compreensão do evangelho, conforme eles tinham experimentado na vida, ministério e morte de Jesus. Ao lutarem contra os problemas e questões que surgiam, primeiramente de maneira individual para líderes como Paulo e Pedro (veja, por exemplo, At 10:9-20), depois como um corpo da igreja no Concílio de Jerusalém (veja At 15), eles começaram a perceber a mudança dramática que essas “boas-novas” trouxeram à sua compreensão do amor e do caráter inclusivo de Deus e como isso deve ser vivido por aqueles que professam segui-Lo.

6. O que os textos a seguir ensinam sobre nossa humanidade em comum? De que maneira cada uma dessas ideias deve influenciar nossa atitude em relação aos outros?

Ml 2:10 __________________________________________________________________

At 17:26 _________________________________________________________________

Rm 3:23 _________________________________________________________________

Gl 3:28 _________________________________________________________________

Gálatas 3:28 é um resumo teológico da história prática que Jesus contou sobre o bom samaritano. Em vez de discutirmos acerca das pessoas a quem devemos servir, apenas sirvamos e estejamos preparados para ser servidos por quem não esperamos que nos sirva. O elemento comum da família humana global é percebido em um nível superior na comunidade dos que estão unidos pelo evangelho, pelo salvífico amor de Deus que nos chama à unidade Nele: “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres” (1Co 12:13).



Quinta-feira, 05 de setembro
Ano Bíblico: Ez 27-29
O evangelho eterno

O convite e o apelo transformadores do evangelho “a cada nação, e tribo, e língua, e povo” (Ap 14:6) têm continuado por toda a história cristã. No entanto, o Apocalipse descreve uma proclamação renovada dessa mensagem (as boas-novas sobre Jesus e tudo o que isso implica) no fim dos tempos.

7. Leia Apocalipse 14:6, 7. Como a compreensão comum do evangelho, resumida em João 3:16, está incluída na mensagem específica do anjo, no verso 7?

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Apocalipse 14:7 reúne três elementos essenciais já observados neste estudo sobre a preocupação de Deus com o mal, a pobreza e a opressão em toda a história da Bíblia:

Juízo. O apelo ao juízo (para que a justiça seja feita) tem sido um repetido clamor dos que têm sido oprimidos ao longo da História. Felizmente, a Bíblia descreve Deus como Aquele que ouve os clamores dos aflitos. Como foi muitas vezes expressado nos Salmos, por exemplo, os que estavam sendo tratados injustamente consideravam o juízo uma boa notícia.

Adoração. Os escritos dos profetas hebreus muitas vezes relacionam a adoração e as boas obras, especialmente ao comparar a adoração dos que afirmavam ser o povo de Deus com os erros que eles haviam cometido e continuavam praticando. Em Isaías 58, por exemplo, Deus declarou explicitamente que a adoração que Ele mais desejava eram atos de bondade e cuidado para com os pobres e necessitados (veja Is 58:6, 7).

Criação. Como vimos, um dos elementos fundamentais do apelo de Deus por justiça é a família comum da humanidade, o fato de que todos fomos criados à Sua imagem e somos amados por Ele, de que temos valor aos Seus olhos e de que ninguém deve ser explorado nem oprimido pela ganância de outros e por seu ganho injusto. Parece claro que essa proclamação do evangelho no fim dos tempos é um chamado amplo e abrangente para aceitarmos o resgate, a redenção e a restauração que Deus deseja para a humanidade caída. Portanto, mesmo em meio às questões relativas à adoração verdadeira e falsa e à perseguição (veja Ap 14:8-12), o povo de Deus defenderá o que é certo, os mandamentos de Deus e a fé de Jesus, mesmo em meio ao pior dos males.

Como podemos encontrar maneiras de ministrar aos necessitados e, ao mesmo tempo, compartilhar com eles tanto a esperança quanto a advertência encontradas nas três mensagens angélicas?


Sexta-feira, 06 de setembro
Ano Bíblico: Ez 30-32
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: O Desejado de Todas as Nações, p. 19-26 (“Deus Conosco”), e A Ciência do Bom Viver, p. 95-107 (“Salvo Para Servir”).

“Deus reclama toda a Terra como Sua vinha. Embora nas mãos do usurpador, ela pertence a Deus. É Sua não menos pela redenção que pela criação. [...] Diariamente, todo o mundo recebe bênçãos de Deus. Cada gota de chuva, cada raio de luz que cai sobre esta geração ingrata, cada folha, e flor, e fruto testifica da longanimidade de Deus e de Seu grande amor” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 301, 302).

“Em Cristo não há nem judeu nem grego, servo nem livre. Todos são aproximados por Seu precioso sangue” (Gl 3:28; Ef 2:13).

“Há pessoas pobres e tentadas que necessitam de palavras de compaixão e atos de ajuda. Há viúvas que carecem de compaixão e assistência. Há órfãos, aos quais Cristo ordenou aos Seus seguidores que recebessem como um encargo divino. Muitas vezes são abandonados. Podem ser maltrapilhos, grosseiros e, segundo toda a aparência, nada atraentes; contudo são propriedade de Deus. Foram comprados por preço, e aos Seus olhos são tão preciosos quanto nós. São membros da grande família de Deus, e os cristãos, como mordomos Seus, são por eles responsáveis” (Ellen G. White, Parábolas de
Jesus,
p. 386, 387).

Perguntas para discussão

1. Ao realizar boas obras e ajudar os outros, como resistir à tentação de pensar que isso nos torna melhores e nos traz mérito perante Deus?

2. Sua igreja faz “distinção” entre pessoas ou todos são iguais em Cristo? Como ser mais inclusivo?

3. Como encontrar o equilíbrio entre fazer o bem aos necessitados e, ao mesmo tempo, alcançá-los com o evangelho? Como fazer as duas coisas?

Resumo: O amor de Deus, expresso no plano da salvação, oferece perdão, vida e esperança. Como recebedores dessa graça, buscamos compartilhar isso com os outros não para obter a salvação, mas porque fomos criados e recriados para fazê-lo. O evangelho transforma relacionamentos e nos motiva a servir, especialmente aos mais necessitados.

Respostas e atividades da semana:

1. B.

2. Jesus veio não para julgar o mundo, mas para salvá-lo.

3. Jesus Se compadeceu da multidão, de Jerusalém, e ficou comovido com a morte de Lázaro. Para ser sensíveis, não podemos nos acostumar com o mal.

4. As boas obras são fruto da salvação.

5. V; F.

6. Em Malaquias 2:10, temos todos o mesmo Pai, que é Deus; Atos 17:26 ensina que viemos de Adão; Romanos 3:23 afirma que todos pecamos e carecemos da glória de Deus. Gálatas 3:28 enfatiza que em Cristo todos somos um; portanto, devemos tratar uns aos outros como Cristo nos tratou.

7. A compreensão das implicações do evangelho no verso 7 está associada ao juízo, à adoração e à criação.



Resumo da Lição 10
Vivendo o evangelho

Deus é proativo em Seu desejo de atrair para Si as pessoas. Ele procura fazer discípulos que, por sua vez, tornem-se canais de serviço que demonstrem Sua graça ao mundo. Essa intenção é manifestada claramente em Tito 2:11-14: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, o qual a Si mesmo Se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para Si mesmo, um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras".

Na lição desta semana, consideraremos o amor de Deus, sobre o qual repousa todo o plano da redenção. Sentiremos a compaixão de Jesus pela humanidade sofredora ao Seu redor. Cada um de nós faz parte desse sofrimento. Reconheceremos que quando confessamos nossas fraquezas e nos arrependemos, experimentamos a graça de Deus.

Consequentemente, nossa maneira de viver será transformada. Em resposta à graça do Senhor estendida a nós, seremos motivados, fortalecidos e capacitados por Deus para demonstrar, sem condenação, Seu amor e graça abnegados a outras pessoas fragilizadas. Esse amor será demonstrado quando vivermos o evangelho eterno em palavras e atos em nossa interação com toda a humanidade, independentemente de nacionalidade, raça ou passado.

Objetivo do professor:

Procure com a classe uma compreensão mais profunda dessas verdades conhecidas, mas transformadoras e cheias de poder.

 

Escritura

Leve para a classe uma imagem ou modelo do corpo humano. Pergunte: O que significa ser humano? Leia Gênesis 1:26. Estude o que significa ser feito à imagem de Deus (ver lição 1).

“Quando Adão saiu das mãos do Criador, trazia ele em sua natureza física, intelectual e espiritual, a semelhança de seu Criador” (Ellen G. White, Educação, p. 15). A imagem de Deus na humanidade foi manchada pelo pecado. Assim, o propósito da redenção é restaurar a imagem de Deus na humanidade.

Desde que o pecado passou a existir, o povo de Deus é chamado para revelar graciosamente a Cristo e o evangelho, juntando-se a Ele na restauração física, mental e espiritual da humanidade. Como essa colaboração divino-humana em favor da restauração da humanidade é manifestada na Igreja Adventista do Sétimo Dia? Aqui está um exemplo: a igreja opera quase 500 hospitais, centros de vida saudável, clínicas e dispensários, sem contar os asilos, orfanatos, etc. Mais de 8.539 escolas adventistas desde o nível fundamental ao nível universitário fazem a diferença nas comunidades em todo o mundo (estatísticas extraídas do Departamento de Estatísticas da Educação no Mundo, da Associação Geral, de dezembro de 2017). Além disso, as igrejas também existem para ajudar na restauração integral do ser humano. No entanto, “muitas vezes a igreja tem promovido conceitos muito contrários à orientação bíblica, atribuindo a restauração física das pessoas meramente aos profissionais de saúde, e o desenvolvimento do aspecto mental aos educadores, enquanto se espera que os pastores e evangelistas tratem apenas da restauração espiritual. Esse é um arranjo muito conveniente, mas contrário à orientação bíblica, porque uma pessoa não pode ser dividida em partes. Uma pessoa é um ser humano integral” (Rudi Maier, Working With the Poor: Selected Passages From Ellen G. White on Social Responsibility [Trabalhando com os Pobres: Citações Selecionadas dos Escritos de Ellen G. White Sobre Responsabilidade Social], Berrien Springs, Michigan: Department of World Mission, Andrews University, 2007, p. 2).

Se nossas igrejas não proclamam plenamente “o evangelho de Cristo” (Rm 15:19) de um modo integral, abordando as dimensões física, mental e espiritual (e social) da humanidade, nossa apresentação do evangelho será deficiente. Nossa missão não se trata meramente de salvar pessoas por meio da proclamação do evangelho, mas de salvar e servir as pessoas de maneira integral.

Atividade em classe: Se for possível, desenhe em um quadro três colunas com os seguintes títulos: físico, mental e espiritual. Peça aos alunos que pensem como sua igreja está servindo à comunidade em cada uma dessas três áreas. Escreva as ideias no quadro abaixo das colunas apropriadas. Discuta em que aspecto sua igreja pode melhorar.

Ilustração

No metrô de Nova York, uma frase escrita em grafite dizia: "Deus está vivo, Ele só não quer Se envolver" (<https://soundfaith.com/sermons/113763-john-2019-31-scars-that-heal-jubilee>). Às vezes, em meio às nossas dolorosas experiências, podemos ser tentados a duvidar de que Deus esteja interessado em nossa dor e desespero. Pergunte à classe: Por que Deus realmente quer se envolver com cada um de nós, ao mesmo tempo que ama a todos igualmente em todo o mundo? (Jo 3:16). Você consegue ver que Deus o ama e supre suas necessidades? Como o Criador está usando você como canal para mostrar Seu amor e cuidado aos outros?

Pense sobre esta admoestação para que o povo de Deus se envolva: “A menos que haja sacrifício prático para o bem de outros, no círculo da família, na vizinhança, na igreja e onde quer que estejamos, não seremos cristãos, seja qual for a nossa profissão” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 504).

Escritura

Os discípulos de Jesus acreditavam que Ele, como Messias, libertaria Israel da opressão romana e traria juízo e condenação aos seus inimigos.

Mas em João 3:16, Jesus desconstrói esse pensamento equivocado. Ele revela o amor de Deus por este mundo arruinado. Deus deu o Seu Filho unigênito para que todo aquele que crer (tiver fé) Nele não pereça, mas herde a eternidade. Então, no verso 17, Jesus deixou claro que Seu propósito, durante a Sua primeira vinda, não foi trazer condenação e juízo, mas salvação. Jesus teve que vir como Redentor antes que possa vir como Juiz.

Mediante Sua vida, morte e ressurreição, Jesus pagaria a pena pelos nossos pecados para que toda a humanidade pudesse escolher entre perecer e ter a vida eterna. Tendo acesso a essa escolha, toda a humanidade enfrentará Jesus em Sua segunda vinda. Leia 2 Tessalonicenses 1:6-8.

Como o fato de viver a missão que Cristo viveu durante Sua primeira vinda ajuda a preparar o mundo para Sua segunda vinda? Como podemos proclamar, de maneira equilibrada, por meio de nossas palavras e ações, as verdades ligadas à primeira e à segunda vindas de Cristo?

Escritura

Em Efésios 2:1-11, o povo de Deus é lembrado de que estava morto em suas transgressões e pecados. Mas, por causa do grande amor e graça de Deus, é vivificado com Cristo e reconciliado com Ele (Ver também 2Co 5:17, 18).

Observe a mesma mensagem em Ezequiel 37:1-10. Deus convida para que os ossos secos de Seu povo arruinado atentem para o fato de que Ele lhes reavivará. No verso 6, vemos que Deus escolhe realizar essa obra pondo tendões, carne e pele sobre os ossos e concedendo-lhes o fôlego para trazê-los de volta à vida. Que lições espirituais sobre reavivamento você extrai desse processo?

A graça de Deus, que traz nova vida ao Seu povo arruinado, é dada com dois propósitos, conforme descrito em Efésios 2:7 e 10.

Reavivamento e salvação para nós mesmos não é suficiente. Somos salvos "para boas obras". Embora não sejamos salvos por causa dessas boas obras (Ef 2:9), somos salvos para boas obras (Ef 2:10). A prática das boas obras não deve ser descartada como uma forma de evitar os riscos do legalismo. Em vez disso, uma compreensão profunda da graça nos motiva à prática de boas obras em resposta ao amor divino e em parceria com Deus na tarefa de salvar. Tudo o que fazemos deve ser visto através da cruz de Cristo. Não estamos praticando as obras para obter a salvação, mas por causa dela.

Perguntas para discussão: Como a sua salvação transforma a sua comunidade?

Ilustração

O evangelho não é apenas um "evangelho eterno" (Ap 14:6), para todos os tempos, mas é um evangelho “totalmente inclusivo" para toda a humanidade (Jo 3:16). Todos os que aceitam a Jesus são salvos (ver também Jo 1:12), e Deus continua amando a todos os que ainda não O aceitaram. Pergunte à classe: Quais outros versos que incluem “todos” você pode encontrar?

Lembre-se da canção que muitos de nós cresceram cantando na Escola Sabatina: “Sim, Cristo me ama, a Bíblia assim me diz” (Hinário Adventista, 457). À luz de nossa maior compreensão do evangelho, talvez precisássemos de outra estrofe: "Sim, Cristo os ama, Sim Cristo os ama". Quando vemos o amor de Deus envolvendo os outros, até mesmo pessoas que achamos difíceis de serem amadas, adquirimos maior percepção da grandeza do amor de Deus. O amor que Jesus tem por toda a humanidade apela para que a letra da canção seja modificada: “Cristo nos ama, Cristo nos ama”.

Essa mentalidade inclusiva provavelmente também poderia levar a uma revisão de outras músicas que cantamos e aplicamos à nossa vida, como “Cristo Tocou-me” (Hinário Adventista, 197). Convide a classe para pensar em outras músicas cristãs que poderiam usar algumas outras estrofes de inclusão. Se for oportuno, encerre a classe cantando juntos uma dessas músicas “revisadas”.

Escritura

Leia com a classe as palavras de Paulo sobre reconciliação em 2 Coríntios 5:14-21: “Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não O conhecemos deste modo. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. Aquele que não conheceu pecado, Ele O fez pecado por nós; para que, Nele, fôssemos feitos justiça de Deus.”

O evangelho atua para derrubar os muros erigidos por distinções sociais. Ele também serve para trazer reconciliação, não só entre Deus e os seres humanos, mas também nas relações humanas. Como esse ensinamento se aplica a nós? O que Paulo quis dizer ao declarar que os que vivem não devem viver “mais para si mesmos"? O que significa ser “embaixadores” de Cristo? Por que primeiro devemos nos tornar novas criaturas para depois podermos cumprir a missão de ser “embaixadores” de Deus?

Aplicação para a vida

A justiça bíblica integral é central para o evangelho e sua pregação. O evangelho pode ser compartilhado quando o representamos na prática e vivemos o que ele significa, assim como ele pode ser comunicado pela proclamação. Esse desígnio pode ser realizado de forma mais eficaz com todos os métodos do ministério integral de Cristo, que trarão "verdadeiro êxito" (Ver Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p.143). Não importa qual parte do método de Cristo estejamos aplicando, podemos chamar isso de “êxito”. Ser um elo na corrente é tão importante quanto ser o último elo.

Perguntas para discussão: Enquanto procuramos ajudar as pessoas, por que é importante oferecer oportunidades para que elas sigam a Jesus? Um ministério com ênfase apenas social seria suficiente? Por quê? Ao refletir sobre as suas respostas, considere o seguinte pensamento: Quando as pessoas aceitarem Jesus na vida delas, Ele lhes comunicará o poder para fazer e manter mudanças positivas na vida. De fato, o evangelho desperta no coração convertido uma força poderosa voltada para a reforma social. Mas essa força deve fluir de um autêntico relacionamento com Cristo Jesus, no qual o Seu amor habite em nós e nós Nele. Unidos dessa maneira, como o ramo está ligado à videira (Jo 15:5-7), nossos esforços para melhorar a vida dos outros e levá-los a Jesus produzirão muitos frutos. “O mais forte argumento em favor do evangelho é um cristão afetuoso e amável” (Ellen G. White, Conselhos sobre a Escola Sabatina, p.100).

Peça aos membros da classe que compartilhem experiências em que apresentaram Jesus diretamente às pessoas a quem serviram. Como devemos tratar as pessoas que até agora não aceitaram Jesus? Por que é importante servir as pessoas apenas por amor, sem esperar nada em troca, simplesmente porque elas estão precisando?


Liberto do crime

Jayson Rogers clamou a um Deus que ele ainda não conhecia. Isso aconteceu quando tinha somente 12 anos. “Não sei como nem porque”, Jayson diz. “Estava sozinho na noite, na escuridão, chorando em cima do travesseiro.” Caçula de nove irmãos, ele morava com um casal de tios no norte da Nova Zelândia, quando orou para que Deus interviesse em sua vida. Seus pais o consideravam muito desobediente e ele foi expulso da escola. Embora fosse apenas um garoto, invadia as casas e roubava os carros. Aos dez anos, ele comprou seu primeiro carro com o salário, recebido por ajudar o pai em um canteiro de obras. O carro, conforme ele mesmo costumava dizer, era um “poço de ferrugem”, mas ele só queria a placa. Nos anos seguintes, ele colocou a placas em nove carros que roubou.

Jayson não recebeu uma resposta imediata à oração daquela noite, e, aproximadamente um ano depois, os pais o enviaram para casa na capital de Nova Zelândia, Auckland. Ali, o garoto mergulhou profundamente na vida de crimes. Aos quinze anos, roubou sua primeira planta de maconha e se mudou para a casa da namorada, Krystal. Entrou para uma gangue e se manteve vendendo maconha por vários anos. Então, tornou-se viciado em metanfetamina e vendia a droga para manter o hábito por onze anos.

“Estava envolvido fortemente com gangue e o submundo”, disse. “Eu era conhecido por invadir casas, sequestrar e extorquir. Tinha três cozinheiros e quatro distribuidores de drogas trabalhando para mim em regime de sindicato.” Ele também carregava maços de dinheiro. A cada dois dias ele ganhava 10 mil dólares neozelandeses ($7.000) com a venda de metanfetamina.

Então, certo dia, um homem chamado Andrew se aproximou na piscina pública e o convidou para participar de aulas de kickboxing gratuita. Jayson aproveitou a oportunidade, porque esperava melhorar seu poder de intimidação e luta de rua. Juntou-se a um grupo de outros tipos de gângsteres no salão de esportes às quartas-feiras à noite. Andrew liderou o grupo em uma hora de exercícios pesados. Certo dia, ele apareceu com uma pilha de Bíblias e anunciou: “Vamos nos reunir em volta da mesa e compartilhar este livro.” Jayson ficou chocado, desejou ir embora, mas, por alguma razão, ficou no local. Andrew falou por trinta minutos e Jayson se enfureceu com a ideia de Deus. Pensou: “Quem é Deus? Eu sou o deus no meu mundo. Tenho funcionários, meus próprios subalternos. Sou respeitado e altamente admirado. Eu sou deus.”

Porém, voltou à realidade quando Andrew leu as palavras de Jesus: “Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam” (Mt 6:19, 20, NVI).

Jayson ficou confuso. Como poderia acumular as riquezas no Céu, fora do alcance da ferrugem e ladrões? Ele pensou sobre o assunto durante toda a semana e começou a frequentar as aulas regularmente. Em seguida, Andrew perguntou se ele poderia ajudar a liderar a classe. Jayson ficou surpreso e satisfeito ao mesmo tempo. Para qualificar-se como instrutor, ele precisava fazer um curso de primeiros-socorros na igreja de Andrew, a Comunidade Adventista do Sétimo Dia Papatoetoe.

Em pouco tempo, Jayson, Krystal e os sete filhos estavam participando do culto divino no sábado. Finalmente, aceitou Jesus e, após 21 anos morando com a namorada, pediu-lhe a mão em casamento. A igreja ficou em festa com o grande batismo, quando ele, a esposa e cinco filhos foram batizados no mesmo dia, um sábado. Os dois filhos mais novos foram dedicados ao Senhor.

Jayson, hoje com 36 anos, diz que sua vida mudou completamente nos últimos três anos. “Não vivemos mais cercados com muros altos, tacos de baseball, espingardas de cano curto e facas estilo Rambo”, diz. “Agora vivemos cercados com muros brancos e possuo minha própria empresa de faz-tudo.” Ele ainda ajuda a liderar a aula de kickboxing, que rendeu um total de aproximadamente seis batismos. Uma lágrima desliza pelo rosto enquanto pensava em seus pais. “Eu costumava receber telefonemas da minha mãe preocupada, todos os dias”, disse ele em uma entrevista em um restaurante de Auckland. “Ela testemunhou a natureza feia do que eu havia me tornado. Agora não ouço mais suas criticas e isso é um bom sinal.” Seu desejo é levar Cristo aos pais e outras pessoas.

“Agora estou feliz e em paz”, diz. “Não mudaria isso por nada. Agora sou um discípulo de Jesus e quero compartilhar Sua Palavra sempre que puder e de qualquer maneira que Ele desejar.”


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2019

Tema Geral: “Meus pequeninos irmãos”: servindo aos necessitados

Lição 10: 31 de agosto a 7 de setembro

Vivendo o evangelho

Autor: Geraldo L. Beulke Jr.

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

Até aqui, a partir dos conceitos bíblico-teológicos sobre Deus, a criação, a queda e a redenção, estudamos sobre o interesse amoroso de Deus em exercer justiça para com os necessitados e aflitos e o desejo divino, expresso por meio dos profetas, de Jesus e dos apóstolos, de que Seu povo O imite no cuidado aos pobres, viúvas, órfãos e estrangeiros. Isso também é parte das boas-novas que nos são anunciadas e que devemos anunciar.

O evangelho é uma mensagem a respeito da salvação em Jesus e precisa ser aprendido e apreendido; deve ser entendido e praticado; necessita ser assimilado e vivido; deve ser proclamado e exemplificado. O objetivo final do evangelho é a salvação (Lc 19:10), restaurar a humanidade à imagem de Deus e formar no homem a mente de Cristo (1Co 2:16), o que muda sua maneira de entender e perceber o mundo, bem como sua ética no dia a dia (Rm 12).

O último mandamento de Jesus, registrado em Mateus, é que façamos discípulos de todas as nações, ensinando-os a obedecer a tudo o que Jesus ordenou (Mt 28:19). Ensinar a obedecer exige um exemplo coerente com a norma – viver o evangelho. Essa era justamente uma das características mais atrativas e marcantes de Jesus. Ao final de Sua exposição sobre os cidadãos do Reino e a ética que lhes cabe, encontramos esta afirmação: “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da Sua doutrina; porque Ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mt 7:28, 29). No que consistia essa autoridade? Se observarmos como os escribas ensinavam, entenderemos, por contraste, como era o ensino de Jesus.

O capítulo 23 de Mateus nos oferece esta chave interpretativa: “Na cadeira de Moisés, se assentam os escribas e os fariseus. Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém, não os imiteis nas suas obras, porque dizem e não fazem [...] Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas” (Mt 23:2, 3, 23).

Quando comparamos o texto de Mateus, no capítulo 7:28, 29, com o do capítulo 23:2, 3, 23, fica claro que a coerência entre teoria e prática, entre doutrina e práxis, entre mensagem e vida é a prova da autoridade. Isso deve ser uma séria advertência para nós, que temos investido um trimestre inteiro de estudo sobre os temas bíblicos da justiça, solidariedade e amor. Se nossas práticas não refletirem esse aprendizado, se não forem um eco de nossas palavras a cada sábado no debate desses temas, se essas discussões não nos levarem a ações planejadas, sistematizadas e efetivas, além do socorro ocasional que nos pedem nas ruas, então estaremos seguindo as pegadas dos escribas e fariseus: “dizem e não fazem”! E nossa autoridade como povo remanescente será corroída pela hipocrisia. O antídoto contra a incoerência entre o que temos estudado e nossa prática está em deixar todos os aspectos da vida sob a graça, vivendo o evangelho.

Graça e boas obras (Ef 2:4-10)

A salvação é concedida exclusivamente pela graça de Jesus. Quando realmente entendemos isso e experimentamos essa verdade teologicamente profunda, nossa vida é afetada, nossas obras se tornam graciosas, resultado de nossa caminhada com Deus, pois é pela semelhança com Ele que as boas obras surgem. No texto de Efésios 2:4, Deus é descrito como rico em misericórdia e grande em amor, e nesses moldes somos transformados. Somos ressuscitados com Cristo em novidade de vida, “para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da Sua graça, em bondade para conosco” (Ef 2:6, 7). A riqueza da Sua graça e Sua bondade são manifestadas em nós e através de nós. Em nós, pela transformação que se opera em nossa vida, e através de nós porque somos usados como instrumentos dessa transformação na vida de outros (Ef 2:10).

Graça e igualdade (Gl 3:28; Ef 2:13–3:12; Cl 3:10, 11)

A graça de Deus nos iguala. Não pode ser diferente, pois “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3:23). A igreja, comunidade da graça divina, é uma nova humanidade em que não pode haver separação por etnia, rito religioso, cultura nem posição social (Cl 3:10, 11). E esse povo redimido estende a mão a um mundo caído, oferecendo muito mais que tolerância: a graça restauradora (Cl 4:5, 6). Diante dessa igualdade, evidenciada pela carência da graça, devemos olhar o outro como semelhante e buscar o bem-estar dele com o mesmo empenho com que buscamos o nosso. Como já disseram, “nunca olhe alguém de cima para baixo a não ser que esteja disposto a ajudá-lo a se levantar”.

Graça, missão e responsabilidade social

Uma vez que fomos criados em Cristo para praticar boas obras e temos um vínculo de humanidade em comum com todas as demais pessoas, pela criação e pela necessidade de redenção, chegamos a uma encruzilhada que trata de missão e justiça social: ações sociais são um fim em si mesmas ou um meio para a missão? A resposta é: as duas coisas. Pois em muitas situações, as ações sociais são a cunha mais eficiente para que ocorra a abertura ao evangelho de Cristo, tornando as pessoas receptivas à crença de seus benfeitores. Fazem parte de uma estratégia. Em outros casos, devemos praticar ações sociais pelo simples fato de que Deus espera isso de nós, se estamos ligados a Ele – ações sociais que partem de nossa responsabilidade social como povo de Deus. Nesse caso, são resultado do amor desinteressado e altruísta. Somos salvos pela graça, recriados para boas obras pela graça e impelidos, por amor, a oferecer ao semelhante essa mesma graça, para restaurá-lo em todos os sentidos.

E então, como você e sua classe de Escola Sabatina irão colocar em prática o que aprendemos até aqui? Quais projetos já estão em andamento para aliviar o sofrimento dos vizinhos da sua igreja? Se passarmos o semestre discutindo mas não colocarmos o evangelho em roupas de trabalho, cairemos no velho pecado da hipocrisia: “dizem e não fazem”!

Conheça o autor do comentário: O pastor Geraldo L. Beulke Junior é natural de Porto Alegre, RS. Graduou-se em Teologia no ano de 2003 e já serviu à Igreja tanto na obra educacional quanto distrital, nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Espírito Santo. Atualmente, pastoreia o Distrito de Mangueiras, em Tatuí, São Paulo. Em 2014, concluiu o mestrado em Interpretação e Ensino da Bíblia, pelo SALT – FADBA, e está cursando o programa de doutorado em Teologia Pastoral pelo SALT - UNASP - EC. É casado com a pedagoga Elisama Gama Beulke, com quem tem três filhos: Lara, de 12 anos, Alícia, de 9, e Willian, de 1 ano.