Segunda-feira
19 de maio
AMAR O INIMIGO
Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês. Mateus 5:44

Essa é uma das ordenanças de Jesus mais difíceis. Como ser compassivo com alguém que viola crianças ou mata inocentes? Nosso anseio por justiça pede que um raio caia na cabeça dele. Freud dizia que esse mandamento, além de impraticável e absurdo, inibe a resistência ao perverso e desfaz a justiça. Melhor seria abrir as cadeias e homenagear os delinquentes.

A indignação não é nova. Nos dias de Cristo, a população oprimida ansiava por um messias que os livrasse de seus inimigos. Não puni-los seria como premiar sua injustiça.

De fato, considerando que a misericórdia envolve tanto um sentimento de solidariedade para com o que sofre quanto de indulgência para com o que errou, podemos dizer que ela é injusta quando não pune quem merece o castigo. Isso incomoda, especialmente quando a clemência é dada àquele com quem não simpatizamos.

Contudo, observe que Jesus pediu para amar os inimigos, não para gostar deles. Amar e gostar não são sinônimos perfeitos. Amar é um ato de obediência, enquanto gostar é subjetivo.

Quando ajudei os refugiados sírios no Líbano, fiz isso por amor, atendendo ao mandamento de Cristo. Mas, para dizer se gosto ou não deles, precisaria primeiro conhecê-los e conviver com eles.

Gosto é algo muito pessoal e não tem nada de antiético em apreciar mais uma pessoa do que outra, desde que não o façamos por partidarismo ou preconceito. Jesus, que não discriminava ninguém, tinha entre Seus discípulos aqueles que eram mais próximos: Pedro, Tiago e João.

Sobre a punição dos ímpios, Jesus nunca a negou, apenas a reservou para o futuro. Seu ensino era para que não adiantássemos o juízo final, como se pudéssemos fazê-lo antes de Deus. Ações perversas devem ser denunciadas, e atos ilícitos, condenados, porém nas instâncias competentes. Se estas falharem, não compete a nós fazer justiça com as próprias mãos.

Quanto ao lado “injusto” da misericórdia divina, que não apenas perdoa, mas tolera a existência do ímpio, lembremo-nos de que essa mesma “injustiça” nos foi concedida quando, mesmo sendo merecedores da morte, o inocente Filho de Deus tomou nosso lugar.