Esse texto é o único em toda a Bíblia que se refere a uma angústia de Jacó para o povo de Deus. Seu contexto mostra que ele se refere aos judeus no período do cativeiro babilônico. Devido à apostasia, Judá foi levado ao exílio e enfrentou muitas dificuldades e sofrimentos. Deus, então, por meio de Seu profeta, anunciou um tempo futuro, quando seriam libertos do cativeiro e retornariam para sua terra na Palestina. Assim, esse verso não faz qualquer alusão direta ou primária ao povo de Deus nos últimos dias.
Contudo, um profeta, porque é inspirado por Deus, pode extrair um texto de seu contexto inicial e lhe dar um novo significado. Isso é chamado de reinterpretação. Foi exatamente o que fizeram alguns escritores do Novo Testamento com textos do Antigo Testamento. Esse procedimento é realizado por orientação divina, e o segundo significado do texto é chamado de sensus plenior, uma indicação do sentido mais amplo do texto inicial. Esse sentido podia ter sido entendido ou não pelo profeta originalmente, mas estava na mente do Espírito de Deus quando Ele levou o profeta a registrar a mensagem.
Sendo que Ellen G. White recebeu o dom de profecia, nada mais natural que confiar em sua capacidade de reinterpretar um texto bíblico. Ela escreveu: “A experiência de Jacó durante aquela noite de luta e angústia representa a prova pela qual o povo de Deus deverá passar pouco antes da segunda vinda de Cristo” (Patriarcas e Profetas, p. 162 [201]).
Em meio às trevas dos últimos dias, haverá um remanescente fiel. O Apocalipse o identifica como “os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus”, que “é o espírito da profecia” (Ap 12:17; 19:10). Serão eles – os justos que estiverem vivos por ocasião da volta de Jesus – que enfrentarão o tempo da angústia de Jacó. E a promessa é que eles serão livrados dela.
Hoje, em tempos mais amenos, devemos aprender a confiar em Deus, em Sua Palavra, em Seu desejo de nos livrar e em Sua capacidade para fazê-lo.