Se eu escrevesse um roteiro sobre uma troca que ocorreu entre meus netos e eu, seria algo assim:
Neta (sete anos, olhando para minha mala de viagem aberta na cama):
– Vovó, o que é isso?
Eu:
– É o meu pequeno travesseiro de viagem. Ele não deixa meu pescoço doer quando eu durmo no avião.
Neta (enterrando o rosto no travesseiro):
– Vovó! Este travesseiro tem o seu cheiro!
Neto (quatro anos, pegando o travesseiro de sua irmã):
– Deixa eu ver isso! (Coloca o travesseiro no rosto, inala profundamente, olha para cima). Tem o seu cheiro, vovó – (pausa, pensativo) – Vovó! Por favor, deixa eu dormir com o seu travesseiro esta noite? É o mesmo cheiro de estar com você.
A fragrância permanece. Há muito tempo, uma mulher ferida, mas agradecida, quebrou um frasco de perfume de alabastro sobre a cabeça de Jesus. O líquido aromático percorreu o cabelo e a barba de Jesus, exalando sua fragrância por toda a sala e atraindo a atenção de todos os presentes. Quando alguns começaram a criticá-la, Jesus chamou a atenção deles. Em seguida, declarou o perdão a Maria, a fé que ela tinha Nele e o impacto que o gesto amoroso dela teria, para sempre, sobre os fiéis.
Passaram várias horas. Então o sangue, em vez do perfume, correu pela coroa de espinhos na cabeça de Cristo, pela barba e pelo Seu corpo tratado com brutalidade. Às vezes, eu me pergunto se, durante a provação da crucifixão, Jesus sentiu momentaneamente a fragrância duradoura do frasco que Maria quebrou. Durante o terrível sofrimento em nosso favor, aquela fragrância fez Jesus lembrar a razão de Ele vir aqui? Fez Seu coração angustiado se lembrar dos milagres próprios ao perdão. Estimulou Jesus a perdoar aqueles que não sabiam o que estavam fazendo, mesmo os que O mataram? Suspeito que a fragrância e a lembrança do gesto afetuoso e emotivo de Maria lembraram a Jesus de que, apesar das aparências e das emoções humanas contrárias, Alguém ainda O amava. O Pai não O deixou sozinho.
Dois netos “sentiram” meu amor por eles através de um travesseiro de viagem desgastado. Que outros sintam o amor de Deus por nosso intermédio.
Carolyn Rathbun Sutton