Muitas vezes ouvi pregadores e pessoas responsáveis pelo cuidado com crianças dizerem que Deus nos dá filhos para que eles nos ensinem. Isso nunca tinha feito sentido para mim até que me tornei mãe.
Desde então, tenho aprendido muitas lições de abnegação, generosidade, paciência, perseverança, autocontrole, flexibilidade, tolerância e, especialmente, sobre o amor de Deus.
Quando meu filho tinha apenas três anos, precisou tomar uma injeção para combater um grave episódio de problema respiratório. Eu conhecia meu filho e sabia que ele não deixaria que a injeção fosse aplicada e não conseguiríamos dá-la sem uma boa “luta”. Então, para que a injeção fosse efetivamente aplicada, deitei meu filho sobre meus joelhos e segurei com força suas pernas. Ele chorou muito e disse, entre soluços, para a enfermeira: “Você me furou.”
Ele ficou tão bravo e inconformado que não queria meus cuidados ou consolo. Na verdade, ele estava tão chateado que ficou de mal comigo. Por mais que eu tentasse explicar que era o melhor para ele, que precisava da injeção, meu filho continuava bravo, dizendo que eu era má e não gostava dele. “Só a vovó gosta de mim”, ele dizia.
Tive que me esforçar muito para não chorar ao ver que meu filho não podia compreender meu amor e cuidado por ele. Sentia-me impotente por não conseguir fazê-lo entender o que tinha feito. Ele só conseguia enxergar a dor que tinha sentido e não os benefícios que a injeção traria à sua saúde. Eu me consolava com a ideia de que, quando ele crescesse, entenderia e me agradeceria.
Foi então que compreendi como Deus Se sente cada vez que precisa me aplicar alguma “injeção dolorida”, e eu, assim como meu filho, fico ressentida pela dor e não agradecida pelos efeitos da medicação em minha vida.
Sei que ainda me ressinto quando, por causa dos meus pecados, Deus precisa me curar com uma incômoda injeção. Contudo, mesmo assim, agradeço a Ele pelas lições aprendidas com meu filho, pois foram essas lições que me levaram ao amadurecimento e crescimento espiritual, que me fazem hoje compreender e apreciar Suas ações em meu favor.
Hoje me sinto amada e bem-aventurada, porque quem me repreende e me ensina as leis que me trazem paz e felicidade é o Senhor, meu Deus.
Claudilene A. N. Ragazzo