A ilha Christmas, no Oceano Índico, recebe todos os anos a visita de pelo menos 80 milhões de caranguejos. Eles chegam pontualmente no início de novembro para se acasalar. Levam duas semanas até alcançar a praia, onde cavam milhões de buracos na areia. Depois, os machos retornam para a floresta, e as fêmeas permanecem cuidando dos ovos. Passados 14 dias, levam as larvas para o mar e as deixam ali. Mais três semanas e nascem milhares de filhotes parecidos com minúsculos camarões.

Deixados à própria sorte, eles devem enfrentar os mais diversos perigos. Aves, peixes e correntes marítimas se encarregam de dizimar uma boa parte dos filhotes. Os que escapam do mar somam em torno de 80 milhões e são os que iniciam uma nova marcha para entrar na floresta. Desses, oito milhões morrem atropelados por carros, caçados pelos homens ou devorados pelas garças. Na luta pela sobrevivência, o caranguejo reage de modo não convencional. Se for apanhado pelo homem ou outro inimigo, deixa nas mãos ou na boca do agressor a sua pata. Ele não faz isso de espontânea vontade. Ao sentir-se acuado, a irritação do membro preso provoca uma contração muscular que autoamputa suas garras. Se ele falasse diria: “Leve minha perna, mas eu fico.”

De certa forma, nós também deveríamos agir como os caranguejos, em nossa viagem rumo ao Céu. No caminho, enfrentamos tentações e muitas vezes precisamos tomar decisões críticas. Os caranguejos vermelhos atravessam florestas, estradas movimentadas, vales e cidades para chegar ao seu destino. E, se for preciso deixar uma parte do corpo, eles o fazem. Chegam aos pedaços, mas chegam. Muitos morrem, mas a raça continua.

Nenhum prazer deste mundo, coisa alguma é maior ou melhor do que o Céu. Não deixe que nada o impeça de continuar rumo ao porto seguro. Com Cristo, o caminho nem sempre será fácil, mas Ele vai com você, ajudando-o a se desembaraçar de qualquer coisa que possa impedi-lo de chegar lá.