O início dos estudos na faculdade sempre gera muita expectativa. Para mim, a expectativa era maior porque sabia que enfrentaria grandes obstáculos em relação às aulas de sexta-feira à noite. Quando recebi o cronograma de aulas, percebi que a matéria principal do curso tinha duas aulas na segunda e duas na sexta. A quantidade de faltas permitidas era de 25%, e eu teria que me ausentar de 50%. Conversei com o professor, e ele impôs duas condições para abonar as faltas: 1 – eu não poderia faltar em nenhuma segunda-feira durante todo o ano, por mais que o motivo fosse justo. 2 – eu tinha que chegar à aula de segunda com toda a matéria dada na sexta no caderno e estudada. Aceitei as condições.
Quando chegou a última prova do ano, o professor me disse que eu teria que fazer na sexta-feira, pois ele não poderia aplicar segunda chamada. Apelei, e o Espírito Santo tocou o coração dele. O professor propôs que eu chegasse mais cedo, fizesse a prova e esperasse que todos os outros colegas chegassem à sala de aula para que eu pudesse ir embora. Concordei. A prova final não era fácil e só havia dois resultados: 0 ou 10. O balanço tinha que ser fechado corretamente. Sendo assim, procurei um colega que dominava a matéria para estudar comigo.
No dia e na hora marcados, lá estava eu para fazer o exame. Estava ansiosa e nervosa para concluir aquela etapa. Mas qual não foi minha surpresa, ao chegar à secretaria e saber que a prova não tinha sido encontrada! Houve uma mobilização e todos começaram a ajudar a procurar. Reviraram todas as gavetas, armários, tudo e não encontravam a prova. Começaram a ligar para o professor, e ele não atendia. Fui ficando nervosa. Àquela altura, eu já não teria mais tempo hábil para começar e terminar a prova antes do pôr do sol.
Nesse meio-tempo, meu amigo chegou e começou a me pedir desculpas. Disse que, ao revisar a matéria, percebeu que tinha me ensinado errado. Ele achava que eu havia feito a prova e tirado zero. Mal comecei a explicar, o professor chegou e perguntou por que eu estava do lado de fora se o combinado era esperar dentro da sala. Contei sobre o ocorrido. O professor ficou espantado, pois havia deixado de manhã a prova lá. Fomos todos juntos à secretaria. Quando o professor abriu a gaveta, as provas estavam lá. A funcionária não acreditou. O professor então me disse para eu ir ao escritório dele na segunda-feira fazer a prova, já que a culpa não tinha sido minha. Então tive tempo para estudar da forma correta. Na segunda-feira fiz a prova. Tirei 10!
Letícia Côrtes