Histórias de anjos e sua interação com os mortais nos prendem a atenção de modo poderoso, enchendo-nos de admiração, coragem e esperança, ansiando por um elo celestial com o nosso verdadeiro destino. Frequentemente ouvimos acerca de seu poder para proteger e resgatar; de seus incansáveis esforços em nosso favor. No entanto, algo que aconteceu há muitos anos me abriu os olhos para outra faceta dessas personalidades celestiais, algo em que eu nunca pensara antes.
Minha filha, Suzy, tinha três meses de idade, aquela idade adorável na qual os bebês começam a balbuciar e a rir quando falamos com eles. Eu tinha acabado de lhe dar banho e de vesti-la com seu vestido vermelho franzido. Como toque final, prendi uma presilhinha vermelha na cabeça quase carequinha com uma fita adesiva e a deitei para sua soneca. O berço estava posicionado para eu poder ver o rosto dela quando olhasse da cozinha para o fim do corredor.
Contudo, ela não dormiu. Em vez disso, começou a rir – risadas gostosas, felizes, vez após vez. Quando espiei pela porta, ela olhava para cima, para a parede, com os bracinhos se movendo com energia. Depois ficava muito quieta por alguns segundos, olhando e ouvindo atentamente, sem que os olhos se desviassem daquele ponto na parede, antes que outro esfuziante acesso de riso a dominasse. Parecia, evidentemente, como se alguém estivesse do alto olhando para ela e fazendo-a rir. Fiquei intrigada, mas só por um momento, já que uma nova ideia me inundara o cérebro: Suzy e seu anjo da guarda estavam tendo uma conversa! Fazia perfeito sentido: um bebê inocente, recém-saído da mão do Criador, era algo a que nem mesmo um anjo poderia resistir.
Em um determinado ano, escrevi a cada um dos meus filhos uma carta para o seu aniversário, contando histórias de sua infância das quais me lembrava. Incluí esse incidente na carta para Suzy. Muitos anos e muitas experiências de vida mais tarde, ela me telefonou certa noite. “Mamãe, aconteceu a coisa mais estranha no trabalho, hoje. Levantei-me da escrivaninha em que estava digitando, e, de repente, senti como se anjos estivessem na sala comigo. Virei-me para olhar ao redor, quase esperando vê-los ali. Eles não eram visíveis, claro, mas senti a presença deles.”
E, na verdade, eles estavam ali com ela. Nunca haviam deixado de estar.
Rhoda Wills