Quarta-feira
13 de novembro
Aqui embaixo
Pois não temos aqui nenhuma cidade permanente, mas buscamos a que há de vir. Hebreus 13:14

Muitas pessoas pensam que o inverno passado foi o mais sombrio, mais cinzento, com menos sol. A escuridão foi tão opressiva que eu podia senti-la nos ossos. Levou um verão inteiro, bem ensolarado, para esquecer aqueles dias sombrios e afugentá-los para uma fraca memória.

Agora, tendo sido arrastada e precisando demais do verão no outono, eu estava na divisa de outro inverno triste. Eu estava me preparando contra o fato de caminhar, sem cerimônia, nos meses escuros à frente. É uma traição imperdoável, mas eu, uma pessoa que realmente ama o inverno e todas as novas estações, realmente desejei voar para o sul, para o inverno, com os gansos em fuga.

Em um esforço para fortalecer meu espírito contra a invasão do pessimismo, comecei a empregar os mecanismos habituais de enfrentamento: velas, luzes cintilantes, alimento assando. É incrível a quantidade de felicidade que uma pequena luz pode fornecer enquanto afasta a escuridão, e o cheiro de algo gostoso assando enche a casa com garantias de acolhimento e cuidado.

Do mesmo modo, meu corpo resiste aos longos e cansados ?dias sem luz solar, minha alma resiste a estar aqui embaixo, neste planeta cansado, sombrio e escuro. Cada vez que tropeço na falta de comunicação com o meu Criador, fico impressionada com a facilidade com que me acostumo com isso. Minha resistência mental às profundezas do inverno no mundo físico é bem maior que a minha resistência às profundezas do inverno no mundo espiritual. Os dias passados me aquecendo no Filho se desvanecem rapidamente nos assuntos intensos e no estresse da vida cotidiana. O inverno espiritual se instala em mim antes mesmo que eu perceba sua chegada. É como se eu, de repente, tivesse vindo parar em um lugar ao qual não pertenço. Ellen White diz que “por conversas inúteis, difamação ou negligência da oração, podemos perder em um dia a presença do Salvador, e talvez sejam necessários muitos dias de dolorosa busca o tornar a achá-Lo e reconquistar a paz que perdemos” (O Desejado de Todas as Nações, p. 83). Felizmente, não estamos à mercê do tempo em nossa vida espiritual. Nunca podemos estar separadas do Filho, nem por um único dia, se concordarmos em permanecer em Sua presença.

Céleste Perrino-Walker