Colocar-se na pele do outro não é fácil. Requer muita criatividade, inteligência, disposição e empatia. O preço é tão alto que a maioria de nós não quer pagar! No entanto, parece ser essa a essência de Deus. Do contrário, por que o Senhor teria vindo à Terra em forma humana? Esse foi o jeito incrível pelo qual Ele decidiu Se pôr em nosso lugar. Ao fazer isso, pagou caro: nasceu de mulher, cresceu em um lugar pobre, foi desprezado por muitos e tentado em todas as coisas, à nossa semelhança. Ainda assim, foi obediente até a morte, e morte de cruz.
Agora, note que, mesmo nos assuntos corriqueiros, Jesus era empático. Ao dialogar com Seus interlocutores, Ele Se colocava na posição do outro na tentativa de entender as coisas a partir do olhar da outra pessoa. A atitude de Jesus nunca foi egocêntrica ou ácida, diferentemente da de alguns dos que costumavam interrogá-Lo. Isso ocorreu, por exemplo, na disputa sobre a questão do divórcio. Para alguns dos fariseus, o marido poderia, por direito, abandonar a esposa por qualquer falha que ela cometesse. Se ele fizesse isso, estaria respaldado pela “lei de Moisés”.
Jesus desmontou esses argumentos com maestria e tato. Enfrentou os adversários no próprio terreno deles, com a mesma lógica e a mesma base que usaram, mas chegou a uma conclusão diferente. Perceba que a palavra “princípio” ocorre duas vezes na fala de Jesus (v. 4, 8). Isso é crucial! Vou explicar. Era costume dos intelectuais da época refutar um texto citando outro mais antigo. Por isso os fariseus citam o livro de Êxodo; Jesus cita o Gênesis. Os oponentes invocam a interpretação de uma lei do Sinai; Jesus retrocede até as instruções do Éden. Nessa batalha de titãs, Jesus finalmente sai vencedor!
O psicólogo americano Carl Rogers ensinou que é essencial entender bem o posicionamento alheio a fim de poder dar uma resposta persuasiva e refutar o argumento do outro de maneira empática e respeitosa, sem se indispor ou criar conflitos desnecessários. Esse é o chamado “argumento rogeriano”. Antes de Rogers, porém, Jesus já havia nos ensinado isso com o próprio exemplo.
Quando você se meter em uma discussão ou um debate, lembre-se do exemplo que Cristo deixou. Escute para compreender adequadamente a posição do outro, e quando for responder, faça-o com tato, cristianismo e respeito. Quem sairá ganhando é você!