Sitiada por tropas inimigas, Samaria vivia sob desespero. A fome era intensa e cruel. A situação era tão difícil que, mesmo sendo imundos, alguns dos piores produtos alimentícios podiam ser adquiridos somente a preços exorbitantes. Pior que isso, a fome impulsionava algumas mulheres à irracionalidade de comerem os próprios filhos (2Rs 6:25-29).
Desesperado ante tal selvageria, o rei de Israel planejou executar o profeta Eliseu, como se as denúncias contra a maldade e suas consequências fossem a razão da tragédia. Confrontado, o profeta anunciou a volta da fartura. Alimento abundante e barato estaria disponível a preço acessível para todos em 24 horas (2Rs 7:1). A dúvida do capitão do rei quanto ao anúncio não faria a menor diferença, sendo contraposta pela reafirmação positiva de Eliseu.
Enquanto isso, desolado e em condição terminal, um estranho quarteto se encontrava às portas da cidade. Eram quatro leprosos remanescentes de muitos que haviam sido vitimados pela própria condição da doença, acrescida do rigor da fome. Procurar o acampamento dos siros em busca de algo para comer parecia ser a última alternativa. Deveriam fazê-lo, sob o risco de serem mortos, ou seria melhor permanecer onde estavam e morrerem à míngua? Isso faria alguma diferença? Resolveram arriscar. Ao chegarem, viram o acampamento vazio. O Senhor “fizera ouvir no arraial dos siros ruído de carros e de cavalos e o ruído de um grande exército” (2Rs 7:6). Com medo do ataque, os soldados inimigos simplesmente fugiram.
O quarteto aproveitou a oportunidade, fartou-se de pão, recobrou as forças e sobreviveu. Contudo, um detalhe despertou a consciência daqueles leprosos: “Não estamos agindo certo. Este é um dia de boas notícias, e não podemos ficar calados. […] Vamos imediatamente contar tudo no palácio do rei” (v. 9, NVI). Dentro da cidade, havia homens, mulheres e crianças com fome. Se os deixassem morrer, tendo eles encontrado abundância de alimento, seriam culpados daquele sangue. Compreenderam que o recebimento da bênção significava tanto uma oportunidade como grande responsabilidade.
Essa é a condição dos leprosos espirituais que foram alimentados pelo Pão da Vida. Estamos cercados de pessoas que morrem com fome de algumas migalhas dele. Assim como o Senhor usou os mais fracos para levar a boa notícia a uma cidade faminta, pode nos usar também com o mesmo propósito.