Fiquei ocupada a manhã toda inserindo informações na lista de contato do meu chefe. Já era quase meio-dia e, como eu não tinha mais tempo para iniciar uma outra tarefa, decidi ir almoçar. Era bem mais cedo do que o meu costume, pois eu sempre esperava até próximo das 13h para almoçar.

Minha amiga Rose, com quem eu gostava muito de conversar, ficava na salinha ao lado. Então parei perto da mesa dela antes de seguir para a lanchonete.

— Bem — eu disse — finalmente terminei de inserir todos os contatos para meu chefe. E estou muito feliz também, pois deu muito trabalho. — Ela sorriu empaticamente enquanto continuei falando. — Você sabe que geralmente não costumo almoçar cedo assim, mas pensei ser o momento ideal para dar uma pausada.

Eu estava saindo de perto dela quando percebi o que eu havia acabado de dizer. Nós duas caímos na risada das minhas palavras engraçadas. Voltei-me para ela, dizendo: — Eu não quis dizer “pausada”. Eu quis dizer que era um momento adequado para uma pausa. Um ótimo momento para pausar.

Quando voltei do almoço, novamente parei perto da mesa dela e disse:

— Ainda não acredito que eu disse “pausada”!

Nós duas rimos novamente, e eu fiquei aliviada ao ver que ela entendeu que eu não quis dizer o que eu dissera inicialmente. Ela me conhecia, e meu tom de voz, expressão facial e postura não mostravam que eu tinha raiva ou ressentimento. Eu apenas havia cometido um lapso linguístico.

Comecei a refletir no fato de que, às vezes, dizemos as palavras erradas para nosso cônjuge, nossos filhos, nossa mãe ou nosso pai. Pronunciamos palavras que ferem, palavras imprudentes, em meio à ira, as quais demonstram descontentamento com alguma coisa ou alguém. E quão abençoadas somos se eles nos conhecem, conhecem o nosso jeito de ser e entendem o que queremos dizer, mesmo se não nos corrigirmos. Mas somos ainda mais abençoadas por ter Alguém que nos conhece intimamente — nossos pensamentos e nosso coração — e sempre nos entende completamente. Nenhuma das nossas palavras erradas O farão nos amar menos. Ele é um Deus maravilhoso, você não acha?

Íris L. Kitching