Sexta-feira
14 de novembro
BENS E CONSUMO
Por isso, digo a vocês: não se preocupem com a sua vida, quanto ao que irão comer ou beber; nem com o corpo, quanto ao que irão vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e não é o corpo mais do que as roupas? Mateus 6:25

As palavras de Jesus valem para todos os tempos. Porém, algumas falas parecem mais atuais do que outras, e, em alguns casos, o Mestre descrevia mais nosso tempo do que aquele em que viveu com os discípulos. O texto de hoje é um exemplo disso.

Antes do capitalismo e da Revolução Industrial, havia uma antiga atividade de consumo diferente do consumismo de hoje. O comércio era marcado pela aquisição de bens materiais para suprir necessidades reais. Embora as vestes pudessem indicar uma posição social, as pessoas normalmente faziam roupas para cobrir o corpo. Cumprida essa função, não faria sentido ter um guarda-roupa com diferentes peças.

Quando digo que a população nos tempos de Cristo tinha normalmente uma ou duas túnicas, já espero a reação de espanto. É como se antigamente as pessoas comprassem roupas para se vestir, e hoje, para dizer quem são. Não é por menos que algumas etiquetas venham pelo lado de
fora, indicando que vestimos roupas “de marca”.

Não quero emitir juízo de valor quanto a isso ou julgar que a carência de recursos fazia os antigos mais santos do que nós. No entanto, chamo a atenção para o fato de que, a partir da Idade Moderna, a sociedade mudou a matriz da ordem social das mãos dos produtores para os consumidores e, talvez, aqui caiba um alerta.

O consumo no passado levava as pessoas a adquirirem apenas aquilo que lhes fosse necessário para a sobrevivência. Hoje, o consumismo criou a cultura do descartável e das falsas necessidades. O indivíduo é compelido a “gastar o que não tem, para comprar o que não precisa e mostrar a quem não ama aquilo que ele não é”.

Cuidemos para que nossos bens não sejam um ídolo em nosso lar. Que o Espírito Santo nos ajude a fazer a diferença no lugar em que vivemos, a ponto de partilharmos com o próximo as dádivas que recebemos. O modo como gerenciamos as posses diz muito sobre o tipo de cristãos que nós somos. Lembremos hoje que a vida vale muito mais do que aquilo que vestimos.