No início do Seu ministério terrestre, Jesus ensinou aos discípulos os princípios do Seu reino. No famoso Sermão do Monte, o Mestre apresentou uma noção mais plena, profunda e espiritual de Sua Lei. Ele disse: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo.’ Mas Eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem” (Mt 5:43, 44).
Essas palavras foram um balde de água fria na cabeça de muitos ouvintes. Afinal, eles queriam ouvir falar de força militar e justiça, principalmente contra o poder romano. Como assim eles deveriam amar os inimigos?! Era para amar e orar por aqueles que os perseguiam e cobravam impostos pesadíssimos?
Justamente isso! Jesus mostrou que, no reino de Deus, os inimigos devem ser amados, perdoados e aceitos. O imperativo “amem os seus inimigos” não é um ponto facultativo, nem mesmo uma opção para quando convém. Trata-se de uma ordem! E se Cristo mandou, significa que é possível obedecer.
Ao longo das Escrituras, encontramos vários textos que ensinam a fazer o bem aos inimigos. O Antigo Testamento diz: “Se você encontrar perdido o boi ou o jumento que pertence ao seu inimigo, leve-o de volta a ele” (Êx 23:4). E o apóstolo Paulo acrescenta: “Abençoem aqueles que os perseguem […]. Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” (Rm 12:14, 21).
Salomão também afirmou que, se fizermos o bem ao inimigo, amontoaremos “brasas vivas sobre a cabeça dele” (Pv 25:22). É provável que essa metáfora seja derivada do método de se fundir metais nos tempos antigos. No forno não havia apenas uma camada de brasas acesas sobre as quais se colocava o minério, mas por cima também se colocavam brasas ardentes. Isso ajudava a amolecê-lo e, assim, ficava mais fácil separar a escória do metal.
Essa figura de linguagem nos mostra que, ao fazermos o bem aos inimigos, estaremos ajudando-os a reconhecer seus próprios defeitos e falhas de caráter. E mesmo que essa transformação não aconteça, Salomão nos deixou a promessa: “O Senhor recompensará você.” Nosso papel é amar.