Após mais de nove horas de viagem por uma extensa rodovia, uma placa chamou minha (Ailton) atenção. A peça de metal estava bem fixada no chão, por barras de ferro e concreto, e trazia a seguinte inscrição em tinta metálica: “Perigo! Buracos no asfalto. Diminua a velocidade.” Intrigado com a inscrição, perguntei aos caminhoneiros e taxistas que trafegavam por aquela rodovia por quanto tempo aquela placa estava fixada ali. Para a minha surpresa, a resposta foi de que havia pelo menos oito meses.
Enquanto prosseguia em viagem, comecei a indagar sobre a razão de aquela placa estar ali por tanto tempo. Será que o objetivo era realmente advertir os motoristas e prevenir acidentes? Ou era uma medida paliativa que tinha se tornado “definitiva”?
É interessante notar que o ser humano dá sempre um jeito de lavar as mãos e tentar se eximir da culpa. Por que se conformar com tão pouco? Por que se satisfazer com a mediocridade? No caso da placa acima, parecia mais uma tentativa de transferência de responsabilidade: dos mantenedores da pista para os motoristas. A pergunta óbvia, no entanto, é a seguinte: Por que em vez de só avisar os responsáveis não tapam os buracos? Avisar pode ser até útil, mas não é a solução para um problema assim.
Levando para o lado espiritual, comecei a me questionar como tenho lidado com os “buracos de pecado” em minha vida. Será que tenho me acomodado com placas que dizem: “pecado acariciado”; “defeito de caráter”; ou “vício difícil de vencer”? Será que tenho me conformado em apenas advertir sobre quem eu sou, sem, entretanto, permitir que Jesus faça intervenções concretas em mim?
Devemos cuidar de nossa vida espiritual com diligência e inteireza. Não podemos nos conformar com meias reformas. A reforma deve ser completa. Se existem buracos a reparar, não são as placas que resolverão o problema. Elas apenas confirmam que o problema continua existindo e que, de certa forma, nos acostumamos com ele.