Meu esposo e eu preferimos tempo nublado quando percorremos longas distâncias de carro no verão. Porém, quando o dia está cinzento, nosso espírito nunca fica verdadeiramente feliz. Vários anos atrás, em um dia nublado de julho, partimos em uma longa viagem. Larry colocou as últimas sacolas no porta-malas. Trancamos a porta e rumamos para o norte, esperando chegar à casa do nosso filho em três dias.
Três horas, 303 quilômetros: Whitecourt, Alberta [Canadá]. Paramos e nos esticamos. Depois tomamos o desjejum e fizemos o revezamento de motorista. O dia cinzento continua. Cinco horas, 59 minutos, 625 quilômetros: Beaverlodge, Alberta. Passamos devagar pela escultura de um castor, de 4 metros e meio de altura. As nuvens trouxeram chuva. Decidimos não tirar uma foto. Sete horas, 1 minuto, 714 quilômetros: Dawson Creek, Colúmbia Britânica, ponto inicial da Rodovia do Alasca. A chuva parou faz uma hora, mas nos sentimos entediados e apáticos sob o céu sombrio. Eu cochilei enquanto Larry dirigia. Sete horas, 30 minutos, 765 quilômetros: o céu continuava cinza. Estávamos quase em Taylor, Colúmbia Britânica, quando eu acordei. “Sempre gosto de ver o vale profundo ao descermos na direção do Peace River”, comentei com Larry. Ele sugeriu que fizéssemos um piquenique do outro lado.
Confirmei com a cabeça enquanto permanecia na expectativa da descida, mas então fixei os olhos no planalto. “Olhe!” Entusiasmada, apontei para os campos de canola a distância. Não há abertura nas nuvens, mas os campos estão dourados. Brilhantes. A despeito do dia cinzento, nublado, o tapete de pequenas flores cintilava, iluminando o campo, claro até o horizonte. Elas não refletiam luz; em vez disso, de algum modo, pareciam criá-la a partir de dentro.
Ao longo dos anos, muitas vezes pensei a respeito daqueles campos de canola. Eu também quero brilhar, não só quando é tempo de férias, mas também quando preciso dar nota a uma pilha de redações. Não só quando estou com amigos ou comemorando o nascimento de um neto, mas também quando faço compras no mercado, levo o lixo para fora, ou tomo uma decisão difícil.
Não quero, simplesmente, refletir alegria; quero que ela faça parte da minha vida de tal modo que brote e resplandeça a partir da minha alma.
Denise Dick Herr