O que significa conhecer a Deus? Seria o Altíssimo um objeto de estudo para que possamos conhecê-Lo? Um cristão com muitos anos de igreja conhece melhor a Deus do que um novato recém-convertido?
Essas questões são intrigantes, pois o conhecimento de Deus não é um curso que se pode classificar em iniciante, intermediário e avançado. O maior perigo, por exemplo, para um teólogo é achar que seu estudo o transforma em um especialista em Deus. Muitos caíram nesse erro. Um autor medieval chamado Evagrius Ponticus escreveu que a teologia era a forma mais elevada de conhecimento do Altíssimo, e outro apelidado de Pseudo-Dionísio ensinava que o Criador Se revelava no Céu pela hierarquia dos anjos e, na Terra, pela hierarquia da igreja.
A distinção entre teólogos e leigos chegou ao ponto de o primeiro ser chamado de “reverendo” – título que só compete a Deus. Seminários passaram a conferir títulos de doutor em divindade, como se Deus fosse uma ciência.
A necessidade de professores e líderes que guiem o povo na Palavra é um claro princípio bíblico. Também é importante que todos sejam bem instruídos na fé, e os mais novos se aconselhem com os mais experientes, sejam eles pastores ou leigos. No entanto, nenhum diploma, cargo ou anos de experiência garantem maior conhecimento de Deus. Para isso, é crucial manter um relacionamento diário com o Senhor.
Você pode saber tudo sobre uma pessoa famosa, estudar sua vida, conhecer suas músicas e até liderar o fã-clube dela. Nada disso, porém, lhe dará a autoridade para entrar livremente em sua casa e comer à sua mesa. Ser especialista em alguém não o torna íntimo dessa pessoa. O oposto também pode acontecer. Você pode ser “circunstancialmente” íntimo de uma pessoa e não ter comunhão com ela. Isso ocorre com muitos casais que compartilham a mesma casa, dividem a mesma cama, mas perderam a conexão há muito tempo. O segredo, portanto, é conhecer, relacionar-se e renovar diariamente o amor em relação ao outro.
Assim deve ser nosso conhecimento de Deus, lembrando ainda que, para conhecê-Lo, é imperativo que também amemos nosso irmão. Pois “quem não ama não conhece a Deus” (1Jo 4:8).