O personagem central da parábola do filho pródigo é o pai. Em realidade, essa história é uma bela ilustração da maneira como Deus Se relaciona com a humanidade e realiza a salvação. Quando o filho mais novo voltou à casa paterna com seu discurso ensaiado, depois de haver desperdiçado seus bens de maneira irresponsável em uma terra distante, é recebido pelo velho pai com um beijo e um abraço. Mas diante do pedido do filho, que queria ser aceito como servo, o pai, na versão do escritor Rubem Alves, simplesmente diz: “Meu filho, eu não somo débitos.”
Na cena seguinte, chega o filho mais velho. E, quando ouve o som de música e sente o cheiro da comida, fica indignado e questiona o pai. Nessa hora, diz o escritor brasileiro, o pai abraça o primogênito, beija-o e diz: “Meu filho, eu não somo créditos.”
O amor do Pai é assim. Deus não Se relaciona conosco com base em nossos créditos e débitos. Ele nos ama porque escolheu nos amar. Isso independe do que fazemos ou deixamos de fazer. Isso não se altera de acordo com nossos erros ou acertos. A isso damos o nome de graça. O salmista já havia declarado essa mesma verdade em poesia quando afirmou que o Eterno não nos trata conforme nossos pecados.
Mas, se Deus não soma débitos nem créditos, que diferença faz obedecer ou não? Se Ele ama da mesma forma o devasso e o fiel, então a forma como vivemos faz alguma diferença? A maneira que escolhemos viver não muda o amor de Deus por nós. Ele continua lá, de abraços abertos à nossa espera. Mas nós, onde estamos?
Às vezes estamos em terras distantes, longe do Pai, buscando satisfazer nosso coração com coisas passageiras. Outras vezes estamos fazendo hora extra na fazenda, obedecendo às ordens do Pai, com a expectativa de que Ele reconheça nosso esforço e, em resposta à nossa obediência, conceda-nos a festa que tanto desejamos. Observe que em nenhuma dessas imagens há filhos sentados à mesa do Pai, ouvindo Sua voz e desfrutando Sua companhia.
O Pai ama você. Nada mudará isso. Apenas aceite o convite da graça. Sente-se à mesa e viva como um filho amado.