O nome “cristão” não aceita sobrenomes ideológicos. “Cristã-ativista-feminista-de-esquerda” ou “cristão-conservador-nacionalista-de-direita” são designações que tentam unir o que não pode ser misturado. Quem acredita nessa forma de evangelho não compreendeu a Bíblia o suficiente. A mistura confusa de ideologia com cristianismo resulta em uma fé contraditória, alicerçada na areia movediça das paixões políticas.
No texto de hoje, o apóstolo Paulo nos adverte a não fundamentar nossa fé na sabedoria humana. Desde os pensadores da Grécia antiga aos intelectuais da atualidade, a sabedoria humana se manifesta em sistemas filosóficos e ideológicos que se tornam uma lente a partir da qual as pessoas julgam e interpretam a realidade. A religião bíblica, contudo, não está limitada à visão míope de um sistema de pensamento que enxerga apenas uma perspectiva dos fatos. Por meio da revelação, Deus concedeu a única lente capaz de nos fazer enxergar a realidade e o mundo da perspectiva de quem o criou e entregou a vida para salvá-lo.
Com isso, quero dizer que não precisamos nos unir filosoficamente a outros grupos (muitas vezes inimigos do evangelho) para defender causas nobres. Devemos lutar pelos direitos das mulheres, devemos repudiar o racismo e precisamos amar nossa nação. Para fazer isso, você não tem que ser um militante ideológico. Antes de qualquer um desses movimentos existirem, a Bíblia já militava por essas e outras causas, ensinando os métodos corretos de combater a injustiça.
Contudo, quando aceitamos estar debaixo dessas bandeiras, nos vemos forçados a comprar o pacote completo. E, como toda ideologia humana está carregada do pecado da humanidade, a defesa da justiça por esses meios muitas vezes resultará na prática da injustiça. Para o cristão se rebelar contra os absurdos e atrocidades que acometem este mundo, basta ser bíblico. Por incrível que pareça, isso é o bastante para revolucionar sua vida e sua realidade.