Na terça-feira, dia 19 de setembro de 2007, Santa Lúcia era um país enlutado. Assistimos quando o corpo de nosso amado ex-primeiro-ministro Sir John George Melvin Compton foi transportado em sua caminhonete favorita. Lágrimas eram derramadas enquanto os oficiais levavam o esquife sobre os vigorosos ombros, do veículo ao salão do funeral, para a cremação. Deve ter sido difícil para a família do primeiro-ministro entender que seu ente querido seria reduzido a cinzas.
Para mim, cinzas e pó sempre representaram a verdadeira nulidade de tudo. Em sua peça Hamlet (Ato II, Cena II), William Shakespeare habilmente descreve a paradoxal natureza dos mortais: “Que obra de arte é um homem! Como é nobre na razão! Que capacidade infinita! A beleza do mundo! O paradigma dos animais! E, no entanto, para mim, o que é esta quintessência do pó?” Ao falar com Deus, certa vez, Abraão descreveu sua própria humilde condição como “pó e cinza” (Gn 18:27).
É essa a soma da experiência humana?, perguntei a mim mesma no dia em que nos despedimos do nosso primeiro-ministro. Eram, na verdade, pensamentos deprimentes. Então, algum tempo depois, li um artigo incrível sobre o uso das cinzas. A cinza tem valor, sim, como aprendi.
Segundo as descobertas descritas nesse artigo, o carbono liberado durante a cremação pode ser capturado como um pó escuro e depois aquecido para produzir grafita. O autor desse artigo continuou declarando que a grafita, quando enviada a um laboratório, pode ser sintetizada em sofisticadas gemas que se assemelham a diamantes coloridos. Pensei: Se um cientista pode tomar cinzas de uma cremação e transformá-las em “diamantes”, imagine só o que Deus pode fazer conosco enquanto ainda estamos vivos!
Você pode achar que sua vida já é, agora, um grande amontoado de pó e cinzas sem nenhum propósito. Lembre-se, porém, de que Aquele que tão maravilhosa e assombrosamente nos formou do pó da terra prometeu conceder, afinal, “beleza” em lugar de nossas cinzas. O que é o amor senão isso? Apesar dos estragos da vida, somos todos diamantes em formação. Deus transforma!
Judelia Medard-Santiesteban