Dentre os muitos debates teológicos, destaca-se a controvérsia entre Armínio e Calvino. Embora nunca tenham se encontrado, a disputa de suas ideias permanece até hoje.
Armínio defendia que uma pessoa poderia perder a salvação caso pecasse e não se arrependesse. Por outro lado, Calvino dizia que todo processo de salvação é uma ação divina e, portanto, não há livre-arbítrio. A pessoa não pode fazer nada para ser salva ou para perder sua salvação. Ela é escolhida e predestinada por Deus para a salvação ou perdição.
Entre as duas posições, fico com a de Armínio. Tornar Deus o seletor de tudo, sem qualquer decisão das criaturas, faz Dele o responsável pelo mal no Universo, e não é isso o que a Bíblia diz. Portanto, embora a salvação seja obra de Cristo, somos nós que decidimos se queremos ser salvos por Ele.
Não obstante, mesmo que esse assunto esteja claro para mim, admito que ele envolve um mistério. O que determina finalmente uma escolha? Por que Paulo aceitou a Cristo, e Herodes Agripa não? O que faltou para convencer o rei da Judeia? E olha que não se trata de ser ou não perfeito,
pois a lista dos que aceitaram a Deus está repleta de pecados e defeitos de caráter, que demandaram arrependimento e transformação.
Considere Judas. Quando lemos sobre ele, pensamos nos furtos e na traição. Parece que ele surgiu do nada, materializando-se como o apóstolo mau que veio para prejudicar Jesus. Esquecemos que ele tinha familiares, procedência e que também abandonou tudo para seguir Cristo.
E antes que alguém diga que ele agiu com má intenção, lembre-se de que Jesus também o investiu de poder. Judas curou muitos enfermos e expulsou demônios (Mc 6:7, 12). Será que alguém tão perverso receberia tal autoridade espiritual da parte de Deus? Ou será que em algum momento Judas tomou o caminho errado de uma bifurcação? E, se tomou, por que fez isso?
Talvez nesta vida eu nunca entenderei a decisão de Judas. No entanto, posso conhecer o que está em meu coração. Ele tomou a decisão errada, mas posso tomar a decisão certa. Os exemplos de Judas e Pedro demonstram que a chance é igual para todos, basta apenas decidir. Qual será a sua escolha?