Meu marido, Vladimir, tinha 56 anos. Foi quando ele ficou doente de repente e tivemos que chamar uma ambulância. O paramédico diagnosticou meu marido com síndrome pré-infarto. Naquela segunda-feira, nossos filhos e eu oramos muito. Poderíamos visitá-lo por apenas trinta minutos entre o meio dia e as 12h30 e depois só poderíamos vê-lo na terça-feira. Fiquei muito feliz ao ver que o Vladimir estava se sentindo bem. O médico disse que seu estado era estável. Na quarta-feira, liguei para o hospital para perguntar se eu poderia levar roupas para meu marido. Então o médico respondeu:

– Seu marido não precisa de mais nada… Ele faleceu.

– Como? – Eu mal conseguia falar quando o médico me disse que o Vladimir tinha falecido às 22h30 da noite anterior.

– O que devo fazer? – perguntei em estado de choque. Ele me disse para “ir ao necrotério” e desligou. Não lembro como cheguei ao necrotério, onde a gerente resmungou por eu “chegar tão tarde”. Eu expliquei a ela que ninguém havia me notificado. Insatisfeita, ela disse que enviaria um memorando ao médico-chefe.

Eu mal me lembro do funeral. Meus pés estavam fracos para me levantar. Lembrei-me de um verso da Bíblia que dizia coisas como “regozijar-se sempre mais” e “em tudo dar graças”. Eu estava gritando silenciosamente: Como, Senhor? Como é possível me regozijar quando perdi a pessoa mais importante da minha vida? Isso seria um absurdo! Regozijar-me por termos vivido juntos durante trinta anos e nunca termos tido uma briga? Regozijar-me porque os anos em que fizemos tudo juntos passaram rápido demais?

Então me veio à mente um pensamento muito claro: Alegre-se não pelo que perdeu, mas sim, rejubile-se e agradeça pelo que você teve. Embora a dor naquele momento tenha sido muito amarga, minha tristeza , com o passar do tempo , ficou mais leve. Também, ficou mais fácil me lembrar dos momentos felizes.

Hoje agradeço a Deus pelo que eu tive. Deus é muito bom e muito sábio para errar. Ele não vai deixar que as dores desta vida nos destruam. Ele diz: “Eu sou o seu consolador e seu ajudante todos os dias .”

{ Liudmila Verlan }