Sei o que é passar pelo vale da sombra da morte. Tinha apenas 15 anos de idade quando descobri um tumor benigno no cerebelo. Apesar de ter que passar por uma cirurgia delicada, recuperei-me bem e não tive sequelas.
Aos 18 anos, porém, apareceu outro tumor mais grave, que comprimia o tronco encefálico. Não havia tratamento efetivo, a não ser fazer mais uma cirurgia, com risco de morrer ou ficar em estado vegetativo.
Fui tentada a questionar o Senhor. A incerteza a respeito da vida me assombrava. Além disso, o sofrimento de minha família entristecia meu coração. Será que meus sonhos não se realizariam? Por outro lado, sabia que Deus é fiel e que eu podia confiar na promessa de que estaria sempre comigo.
Na cirurgia, perfuraram meu pulmão e contraí pneumonia. O lado direito de meu corpo ficou paralisado. Fiquei muitos dias sem conseguir falar ou comer e tive que utilizar um tubo traqueostômico para respirar e uma sonda para me alimentar.
Depois de longos dias no hospital, sob os cuidados de Deus e de minha mãe, pude voltar para casa, respirando sem o tubo. Na sequência, passei por recorrentes crises de falta de ar.
Certa vez, a crise foi tamanha que tive um ataque cardíaco. Na emergência do hospital, com pouco tempo para agir e salvar minha vida, a médica me submeteu a uma nova traqueostomia. Fiquei muitos dias hospitalizada; e, ao ter alta, ainda não conseguia respirar normalmente. Cheguei a respirar com apenas 5% de minha capacidade. Soube, tempos depois, que, naquela época, um médico alertou minha mãe de que eu nunca mais respiraria de forma natural.
Embora fosse tão pequena e cheia de problemas, confiava Naquele que é grande e poderoso; e para Ele não há impossíveis.
Um ano e meio depois, o Senhor me possibilitou fazer uma terceira cirurgia, que trouxe de volta minha capacidade de respirar normalmente, sem ajuda do tubo traqueostômico. Ele também me deu a oportunidade de voltar aos estudos, ao trabalho e às atividades da igreja. Em outras palavras, voltei a sonhar.
Não importa o quanto as circunstâncias sejam desfavoráveis nem o quanto o vale seja sombrio, nosso Pastor nunca abandona Suas ovelhas.
Daniely Iraci Batista