Confesso que sempre li esse verso de forma diferente, até o dia em que meu esposo, na época noivo, chegou para mim e disse: “Sonhei que Deus me chamou para fazer algo maior em Sua obra. Não sei o que é; mas, para mim, é ser pastor.” Não conseguia compreender muito bem aquelas palavras, pois eu era batizada na Igreja Adventista havia apenas dois anos, mas o impacto foi tremendo. Minha primeira reação foi dizer: Não!
Usei vários argumentos: “Olha, você passou no concurso do Corpo de Bombeiros, uma profissão linda”. “Não quero sair de perto da minha família.” Cheguei ao ponto de dizer que, se realmente ele quisesse ir, infelizmente não poderíamos mais continuar juntos. Ele ficou bastante triste e, aparentemente, desistiu da ideia. Digo aparentemente porque, ano após ano, aquela conversa se tornou frequente entre nós.
Já estávamos casados e com dois filhos. Eu sempre argumentava, dizendo que o chamado deveria ser para os dois e que não sentia a mesma coisa, que não poderíamos ir para a faculdade de Teologia com duas crianças. Não conseguia entender o porquê de sua insistência. Ele sempre foi um cristão ativo e envolvido no trabalho do Senhor. Achava que era suficiente.
A cada ano que passava, eu percebia que meu esposo estava ficando cada vez mais triste e inquieto. Eu me sentia como Jonas indo na direção oposta ao querer de Deus. Ele não me colocou no ventre de um grande peixe, mas, após 13 anos de fuga, Deus me fez compreender o Seu chamado e o porquê de não termos ido antes.
Por causa da doença inesperada de nosso filho Danilo Gabriel, tivemos que nos mudar para o interior de Pernambuco. Acabei indo trabalhar na Escola Adventista da cidade e comecei a compreender de forma mais prática o trabalho do Senhor por meio da educação.
“Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do Céu” (Ec 3:1). Hoje, quando leio esses versos, sinto-os de forma bem pessoal. Meu esposo e eu estamos em nosso oitavo ano de ministério, bastante felizes. Os anos que passamos no colégio, enquanto ele fazia a graduação em Teologia, foram momentos inesquecíveis de alegria e aprendizado. Agradeço por Deus nunca ter desistido de nós. Se você ainda tem alguma dúvida de que Ele a chama para alguma coisa em sua vida, ore e peça a Ele que lhe mostre de alguma forma. Mesmo que demore um ano ou que você precise até de 13 anos, como aconteceu comigo. De uma coisa eu tenho certeza: Ele nunca desiste de nós!