Uma amiga estava fazendo um curso de cerâmica e convidou algumas de nós para ir com ela e aprender a envernizar alguns objetos. Para ser honesta, eu tinha sentimentos indefinidos a esse respeito. Nunca havia feito nenhuma aplicação de verniz antes, e não sabia exatamente o que esperar.
Na aula da minha amiga, escolhemos as peças de cerâmica que queríamos envernizar. Após um curso rápido de “como fazer”, começamos. No início, hesitei bastante. Levou algum tempo até que eu decidisse que vernizes usar. Ladrilhos como mostruário de cores, presos a cada balde de esmalte, ajudavam a formar minha decisão, embora não pudessem transmitir, verdadeiramente, o tom do esmalte na prática. Primeiro, a cor depende da espessura da camada que se aplica. Os ladrilhos mostram apenas como ficará uma aplicação espessa de verniz após passar pelo fogo. Outra coisa: aplicar uma camada de uma cor sobre outra também alterará o resultado final. Depois, vem a questão de qual técnica usar para aplicar a camada: com spray, com pincel, etc.
Depois de envernizar minha primeira peça de cerâmica, comecei a apreciar o processo. Não sei se eu chegaria alguma vez ao ponto de considerar aquilo um passatempo relaxante, como acontece com alguns oleiros, mas pelo menos eu não continuava tensa.
Na verdade, comecei a pensar sobre como o acabamento na arte da cerâmica traz paralelos com a vida. Por exemplo, uma pessoa pode fazer seu melhor plano para ter um belo resultado na vida – assim como eu tentei fazer uma agradável combinação de cores nas minhas peças de cerâmica. No entanto, antes do fogo – os inesperados testes, perdas e provações da vida –, não se pode realmente saber qual o resultado. Todo tipo de coisas surpreendentes pode acontecer. O fogo muda tudo!
A conclusão é que, na verdade, não controlamos muita coisa, exceto nosso poder de escolha. Isso significa, naturalmente, que podemos escolher nossa reação ao processo de passar pelo fogo, embora não possamos escolher as provações. A resposta que escolhemos sob pressão ajuda a determinar nossas cores reais. Se pedimos que Jesus, nosso Criador, ande conosco através das provas da vida e nos capacite a reagir diante delas como Ele reagiria, Ele fará resplandecer Sua formosura em nosso caráter. Então, se escolhermos acreditar que o Oleiro Mestre sabe o que é melhor, Sua beleza estará plenamente estampada em nós.
Julie Bocock-Bliss