Nasci no interior de Santa Catarina e passei minha infância e adolescência sonhando com o futuro. Criada num lar cristão, sempre participava das atividades da igreja. Quando percebi, minhas melhores amigas haviam ido para o internato estudar, e esse também era meu sonho. Sabia que, pela condição financeira da minha família, eu não teria chances de ir. Comecei a orar e sonhar! Sabia que Deus poderia realizar aquele sonho.
No final de 1979, tomei a decisão. Então fiz um enxoval básico e fui para o antigo IAE, atual UNASP, em São Paulo. Achava que teria oportunidade de ser bolsista no colégio, trabalhando para pagar minha faculdade, mas as coisas não eram tão simples assim. O tesoureiro me disse que eu teria que voltar para casa.
Chorando, sentei na calçada. Foi quando o professor Elias Azevedo passou por ali e quis saber o motivo das lágrimas. Contei-lhe sobre meu sonho, e ele disse: “Venha cá. Vou lhe apresentar uma líder de colportagem. Você vai colportar (vender livros nas férias para custear os estudos) e vai conseguir”. Na época, eu nem sabia exatamente o que era colportar, mas meu sonho era maior. Então lá fui eu com outras 30 moças para Goiânia.
Passei por muitas dificuldades: vencer a timidez, saudades da família… Às vezes não conseguia vender nada. Todos os dias pedia a Deus forças porque não queria desistir. Continuava batendo de porta em porta. Quantas lágrimas derramadas! Mas a fé em Deus, a oração e o sonho me mantinham determinada a não desistir. As férias estavam terminando, mas eu ainda não havia conseguido o valor necessário para pagar meus estudos. Mesmo com os familiares aconselhando a desistir, eu persisti em oração.
Deus realmente é maravilhoso. Faltando uma semana para o término do período de vendas, descobri no final do bairro um pequeno prédio em que funcionavam a TV, Rádio e Jornal Brasil Central. Vendi uma coleção de livros para um dos administradores, e ele foi indicando outras pessoas da empresa. E sabe o que aconteceu? Vendi tanto dentro daquele prédio que tive que pegar um táxi para fazer a entrega. Ali, em uma semana, vendi o suficiente para pagar o semestre da faculdade.
Como me senti abençoada e amada por Deus! Como é confortador saber que Deus olha para cada um de Seus filhos, conhece nossos sonhos e realiza verdadeiros milagres. Sou muito grata a Deus. Hoje trabalho na Educação Adventista como orientadora educacional levando a esperança de que temos um Deus em quem podemos confiar.
Clarice Plack