Quando eu tinha três anos de idade, minha família foi assolada por uma série de fatalidades. Em um curto período de tempo, minha mãe morreu em decorrência de um câncer, meu pai desenvolveu transtornos psiquiátricos severos, e uma tia sofreu um grave acidente de carro, perdendo seu único filho e ficando debilitada por meses na cama. Eu e minha irmã mais velha passamos a ser cuidadas por um casal de tios que se tornaram amorosos pais para nós. Nós duas, uma pré-adolescente e uma criança, acabamos não saindo ilesas dessa situação que nos foi imposta e, como cada pessoa neste mundo, crescemos com cicatrizes que só Deus poderia curar.
O tempo passou, e já adulta minha irmã foi levada a um culto na Igreja Adventista pelo seu namorado na época, hoje seu marido. O ambiente acolhedor despertou nela lembranças do Deus que conhecera em sua infância por meio dos hinos entoados no Colégio Adventista, onde ela havia estudado durante boa parte da vida escolar, das semanas de oração, do carinho e cuidado dos seus colegas e professores, que tanto a apoiaram quando perdeu nossa mãe e do quanto isso marcou sua vida. Ela decidiu estudar a Bíblia, aceitou a Jesus e não mediu esforços para me levar aos pés Dele também.
Isso nos conduziu a escolhas sábias e a uma vida equilibrada, que só Jesus proporciona. De uma adolescente insegura, com baixa autoestima e com muito medo do mundo, Jesus transformou todas as minhas fragilidades em força e potencializou meus dons.
Acredito que, pelo histórico de lidar com enfermidades desde a infância, acabei me tornando enfermeira. E o que mais sacia minha alma é poder, pela minha profissão, levar algum alívio, orientação e cuidado a outros. Se permitirmos, Deus reescreve nossa história. Minha vida e a da minha irmã tinha tudo para dar errado, assim como a vida de José do Egito, que foi traído, rejeitado, se tornou escravo, mas permitiu que Deus explorasse todo o seu potencial, se manteve fiel e foi grandiosamente usado!
Muitas vezes nos deparamos com situações, em nossa vida ou na vida de outros, tão trágicas que é difícil enxergar a misericórdia e amor de Deus. A dor pode nos fazer sentir revolta, amargura, trazer questionamentos que nos fazem até não perceber o cuidado de Deus nesse processo. Mas, quando nos debruçamos em Suas promessas, entendemos Seu amor, olhamos para nossa trajetória e descobrimos o Seu plano pessoal de salvação para nossa vida. Que, mesmo diante dos reveses da vida, Deus possa curar suas dores e transformá-las em fé, promessas cumpridas e bênçãos na vida de outros!
Raquel C. Nogueira Nunes