Em algum momento entre o almoço e a “minha próxima aula começa em dez minutos”, eu parei na sala dos professores. Rene, minha amiga e colega de trabalho, olhava quieta pela janela, contemplando a grama seca do Texas. Depois, caminhamos juntas para nossas respectivas salas de aula. Por conta de um diagnóstico de saúde inesperado, Rene se tornou cuidadora de sua mãe. Duas semanas atrás, quando estávamos sentadas na sala dos professores, em frente à janela, Rene confessou:
– Sinto como se eu estivesse viajando por um deserto enorme, sem água à vista. Eu oro. Espero. Anseio por uma resposta ou uma bênção inesperada. Eu sou grata pelo que Deus já fez. Sei que Ele está cuidando de nós. Não deveria me sentir assim.
Eu escuto e penso: “Quantas vezes nós estivemos em um deserto como esse?” Eu já estive e entendo perfeitamente. Nas semanas seguintes, Rene e eu nos encontramos para almoçar juntas. Sempre atendo aos telefonemas de Rene quando ela precisa conversar ou orar com alguém.
Certo dia, eu estava andando pelo campus, bastante preocupada. A mãe da Rene iria ao médico naquele dia. Será que ela teria boas notícias? Então, avistei jardineiros plantando árvores perto da janela do salão onde Rene e eu costumamos nos sentar para almoçar. Notei pequenos ramos de flores e rosas que iriam cercar o prédio todo!
– Está um lindo dia para plantar! – Eu me assustei com a voz alta do jardineiro. Ele apontou para o céu. – O solo tem estado seco, mas hoje vai chover.
Naquela noite, acordei com o som de trovões e com a chuva forte batendo na janela do meu quarto. Puxei as cortinas, e um relâmpago me mostrou que havia poças de água formadas pela chuva e que a grama estava molhada. Que lindo! Enquanto eu entrava novamente embaixo dos lençóis, ouvi um som familiar vindo do meu celular, anunciando uma nova mensagem. Era da Rene: “Obrigada pelas suas orações. Tivemos boas notícias no consultório médico hoje. E está chovendo. Acredito que ‘chuvas de bênçãos’ podem levar nossos problemas embora e abençoar e nutrir nosso futuro.” Concordo com ela e agradeço a Deus enquanto caio em um sono profundo, ninada pelo som das gotas de graça que caem sobre o telhado.
{ Dixil Rodríguez }