Enquanto me sento na varanda da casa dos meus pais no Zimbábue, com o sol quente batendo em minhas costas, sinto-me realmente animada e confortada. Sei que esse mesmo ânimo foi sentido por meu esposo, Errol, da última vez que esteve aqui. Talvez ele tenha até se sentado no lugar exato em que estou sentada agora.

Depois de trinta e sete anos de casamento, perdi o amor da minha vida. Um ano e dois meses depois, vim para nossa casa na África para me consolar com meus pais e, espero, curar minha tristeza.

Hoje eu doei a maioria das roupas dele que ficaram em nosso guarda-roupa. Estou entorpecida; não tenho emoções de fato, mas me sinto culpada por estar entregando os últimos vestígios dele. Eu sei que tenho que me desapegar e continuar minha jornada sem ele em minha vida, mas é muito mais fácil dizer isso do que fazer. Ninguém realmente entende como me sinto, a menos que tenha passado pelo que passei: o vazio causado por sua ausência em minha vida… a solidão que sinto… o vazio quando quero pedir seu conselho sobre decisões, especialmente quando nossos filhos estão me deixando louca. Quando tenho que fazer planos sem ele, sinto vontade de cancelar todos.

Evito me envolver socialmente com outros casais. Até a comida já não tem um sabor tão bom. Sinto falta do sorriso dele, de suas travessuras, de sua comida e de tudo o que ele costumava fazer por mim. Eu o quero de volta, mas sei que isso é impossível.

Por enquanto, estou aprendendo a nutrir meu relacionamento com Deus. Sim, há momentos em que questiono minha perda. Luto com minha impaciência por respostas e, às vezes, duvido de Sua capacidade de me suster. Mas logo sinto o calor do sol em minhas costas e me lembro de como Ele enviou uma nuvem durante o dia e o fogo à noite para os filhos de Israel. Então, entendo o que Ele quer dizer quando diz que assim como Ele estava com Moisés, estará comigo.

Ele nunca me deixará nem me abandonará. Ele é minha força quando estou fraca, e Ele me ama incondicionalmente. Eu confio Nele completamente, pois Ele sabe o que é melhor. Eu vivo na esperança da manhã da ressurreição.

{ Valerie Fisher Green}