Se olharmos para os últimos séculos, as viagens nunca estiveram tão em alta quanto nas últimas décadas. A popularização do turismo, graças à globalização, abriu o mundo e modificou as relações sociais. Atualmente, muitos jovens sonham com viagens internacionais, enquanto outros se vangloriam de ter feito isso com certa facilidade.
Contudo, o sonho de desfrutar bons momentos em um lugar paradisíaco, confortável e relaxante pode se transformar em pesadelo por causa de preços abusivos, insegurança, perigos desconhecidos, roteiros estressantes, cansaço e desconforto. E ainda que tudo dê certo em uma viagem, chega o momento em que desejamos voltar para casa.
A sensação de que não estamos em nosso lugar, o desejo de voltar para nosso cantinho, para nossa intimidade, nos ajuda a entender a realidade de alguns personagens da Bíblia. A vontade de querer voltar para casa pode ser vista continuamente na narrativa bíblica e aparece tanto como desejo real, como metáfora de nossa condição. Isso é tão verdadeiro que, mesmo que você nunca tenha viajado ou vivido no exterior, provavelmente já tenha experimentado a sensação de ser um estrangeiro. Isso porque engano, exploração, preconceito, dificuldades de adaptação e racismo, entre outros problemas, são realidades que enfrentamos em nosso contexto, o que transforma qualquer cristão em peregrino e forasteiro onde quer que esteja.
A saga do povo de Deus justifica o fato de a Bíblia ser o livro dos estrangeiros. Abraão, José, Jacó, Moisés, Josué, Noemi, Raabe, Jeremias, Daniel, Esdras e tantos outros personagens de destaque sentiram na pele a sensação de ser peregrinos. Eles sentiam saudades de casa, a terra da promessa. Da mesma forma, somos estrangeiros. A Terra, em suas condições atuais, não é nosso lar final. Em nossa peregrinação, manter os olhos fixos na Terra Prometida, no lar eterno, na Nova Jerusalém, na casa do Pai é o que mantém viva nossa esperança e razão de viver.