Em 2014, o inverno escocês foi o mais frio em décadas. Por dois meses, as temperaturas permaneceram abaixo de zero, e uma camada profunda de neve cobria o solo. Todos os dias, um gato preto e branco, chamado Lovey, vinha e se acomodava no parapeito da janela de minha cozinha, e olhava para dentro da aconchegante cozinha. Não tínhamos coragem de deixá-lo ali fora o dia todo, enquanto seu dono trabalhava. Então, após algumas semanas, meu filho deixou que ele entrasse. O pacotinho peludo logo se pôs à vontade em casa, e nós lhe demos um velho travesseiro perto do aquecedor. Lovey aparecia regularmente. Às vezes, já estava ali antes do amanhecer ou esperando que voltássemos para casa. Esperava sempre quieto, e com paciência. Toda vez que lhe abríamos a porta, ele emitia um feliz miado de agradecimento. Uma vez dentro, ficava mais feliz ao sentar-se perto de nós, deitando uma pata sobre o nosso colo, simplesmente querendo ficar por perto. Se ele queria água, ou leite, ou sair, batia levemente no chão com a pata esquerda até que entendêssemos o que ele precisava. Ocasionalmente, deixava presentes especiais para nós, o melhor que podia oferecer – camundongos flácidos e frios. Um dia, ele chegou e se deitou, fraco, no degrau da nossa porta – não tinha força suficiente para pular até a janela. Quando abri a porta, encontrei-o sangrando e machucado por causa de uma batalha com um ratão. Ele perdera tanto sangue que achei que fosse morrer. Foram dois meses até que seu pescoço ficasse completamente curado. Descobrimos que ele vinha nos protegendo de ratos desde que nos havíamos mudado, e nem mesmo tínhamos percebido isso.
Desci a escada bem cedo, em um dia da semana passada, e Lovey já estava esperando junto à janela. Quando deixei que ele entrasse e se livrasse do frio cortante, lembrei-me de como Deus espera pacientemente que eu Lhe permita entrar em minha vida cada dia. Ele não faz estardalhaço nem comete uma invasão – apenas fica junto à porta e espera. Quando abro a porta do coração, Ele Se alegra em entrar e ficar à vontade. Ele deseja ficar o mais próximo possível de mim, para que eu sinta Sua mão amorosa sobre a minha vida. E Jesus sofreu, sangrou e até morreu para me proteger de algo muito mais perigoso e ameaçador à vida do que ratazanas.
Deus e Pai, muito obrigada por estares à minha porta cada dia. Agradeço os dons do Teu sacrifício e proteção. Que eu nunca Te deixe lá fora. Amém.
Karen Holford