Existem os que estão, existem os que parecem e existem os que são. Por ocasião da Páscoa, reunidos em conselho, estavam aqueles que gostavam de estar ou que lhes correspondia estar ali, mas só estavam. O sumo sacerdote era um deles. Ele representava o que havia de mais elevado na religião judaica, mas tinha usado alguns truques para realizar um juízo ilegal. Havia os que pareciam, pois simplesmente não sabiam como reagir. José de Arimateia e Nicodemos foram exemplos dessa classe de pessoas. Sentiam no coração a inocência do Mestre da Galileia, mas o rosto deles refletia apenas tensão. E havia Aquele que, apesar dos pesares, continuava sendo o que era.
E Jesus era. Era porque sempre foi, desde a primeira gota que se separou no Mar Vermelho, desde que o primeiro raio de luz rompeu a escuridão, desde o primeiro dia em que caiu o maná. Era porque era, desde a primeira gota que se converteu em um vermelho suco de uva, desde a primeira imagem contemplada pelo cego, desde o primeiro pão que alimentou a multidão. Era porque sempre será, desde o vermelho sangue que verteu de Sua fronte, desde o refulgir de Sua ressurreição, desde o pão dos discípulos de Emaús.
O sumo sacerdote teve a ousadia de perguntar se Jesus era o Messias, o “Filho do Bendito” (Mc 14: 61). “Bendito”, nem sequer teve a petulância de mencionar o nome de Deus, já que sua função não lhe permitia isso. Mas teve o atrevimento de questionar o mesmo Deus por essa mesma função. São coisas do estar sem ser. E Jesus respondeu: “Eu sou”. Ele não ocupava um lugar apenas por ocupá-lo. Não parecia nem tinha a pretensão de ser algo. Ele era, Ele é.
E Ele continua nos dizendo: “Sou Eu quando você chega cansado do trabalho e vê no horizonte o carmesim do pôr do sol. Sou Eu quando os pensamentos parecem sombrios e, sem esperar, um pequeno lampejo ilumina a mente. Sou Eu quando você está apertado no fim do mês e encontra uma oferta no supermercado da esquina.”
Um dia, quando virmos Jesus voltar em glória e majestade, poderemos tocar Suas cicatrizes, desfrutaremos do brilho de Seu olhar e cearemos com Ele. Por que não imitar o exemplo de Jesus e ser como Ele, preparando-se para esse grande encontro?