No tempo de Jesus, os líderes do povo eram habilidosos na arte de justificar as coisas que faziam, por absurdas que fossem. Mais preocupados com a aparência que com a essência da religião, eles acabavam caindo em visível contradição. Jesus reprovou a atitude deles. E com razão! Os escribas e fariseus costumavam agir como se fossem superiores aos demais; desprezavam tanto estrangeiros como publicanos e sentiam prazer ao presenciar prostitutas sendo apedrejadas publicamente.

O tempo passou e parece que chegamos ao extremo oposto. Hoje, muitos não desdenham dos que erram, mas dos que querem se consagrar a Deus. Vejam um exemplo. Um grupo de universitários adventistas decidiu ir a uma churrascaria para comemorar a formatura. Havia, porém, entre eles alguns vegetarianos. Por serem minoria, os vegetarianos disseram que não se importavam e aceitaram participar do evento. Em nome da turma, entretanto, alguém lhes disse: “É melhor vocês não irem. Não queremos vocês na churrascaria comendo salada perto da gente!”

Se, por um lado, alguns desejam sempre estar certos; por outro, há aqueles que, para se proteger da crítica, antipatizam com aqueles que se esforçam para não errar. Alguns não conseguem ou não procuram se superar; por isso não toleram nenhum apelo, ainda que indireto, a uma vida consagrada. Confundem devoção com fanatismo, e domínio próprio com hipocrisia, supondo que toda e qualquer tentativa de ser um bom cristão é sinônimo de salvação pelas obras. Odeiam ser rotulados, mas, ao mesmo tempo, se afastam daqueles que creem ou agem diferente. Como encontrar o equilíbrio?

Os fariseus eram assíduos frequentadores dos cultos, fiéis dizimistas, bons estudiosos da Palavra e exímios cumpridores da Lei. Jesus os elogiou por serem zelosos, mas reprovou a frieza do coração deles, sua justiça capenga e a fé mais centralizada neles próprios que em Deus. “Vocês devem fazer estas coisas, sem omitir aquelas!” Esse foi o apelo que Jesus fez a eles. Então faça o que é mais importante, mas não pare de crescer. Esse desafio é para nós também.