No romance Os Miseráveis, publicado em 1862 pelo escritor francês Victor Hugo, Jean Valjean é um pobre campesino condenado a 19 anos de prisão por ter roubado um pão. Ao ser liberto, sofre rejeição da sociedade e passa a dormir na rua. O rumo de sua vida somente muda quando entra em contato com o bispo Myriel, que o acolhe em casa.
No entanto, em vez de se mostrar agradecido, Valjean rouba os talheres de prata do bispo e foge. Pouco tempo depois, é preso e levado pelos policiais à presença do religioso. Além de não acusá-lo, Myriel o salva, alegando que a prata foi um presente. Após essa demonstração de bondade, Valjean se torna um homem de bem.
Esse conto de Victor Hugo possui alguma semelhança com a carta de Paulo a Filemom, um pequeno livro do Novo Testamento, do qual extraí os versos de hoje. Filemom era um cristão que vivia na cidade de Colossos, na Ásia, e possuía um escravo chamado Onésimo. Insatisfeito com a sua condição servil, Onésimo roubou alguns bens do seu senhor e fugiu para Roma.
Naquela época, havia cerca de 6 milhões de escravos no Império Romano. Embora fossem tratados como mercadoria, eles não eram mantidos em condições sub-humanas. O escravo era uma propriedade de grande valor e custava caro perdê-lo. Alguns eram considerados parte da própria família do senhor. Porém, havia leis severas para os casos de fuga ou revolta.
Quando estava em Roma, Onésimo teve contato com o apóstolo Paulo e acabou se convertendo ao cristianismo. Os dois formaram uma ótima dupla missionária. Todavia, o apóstolo estava preso. Quem cuidaria do jovem Onésimo? Com todo o amor do mundo, Paulo escreveu uma carta a Filemom, solicitando que perdoasse o seu antigo escravo. E caso Onésimo estivesse devendo alguma coisa, o próprio Paulo pagaria.
E você? Perdoaria um ladrão? Contrataria alguém com um currículo manchado? Não sabemos qual foi a reação de Filemom ao receber Onésimo de volta. O que sabemos é que tanto Myriel quanto o apóstolo Paulo escolheram o caminho do amor e do perdão. Isso é graça aos que não merecem!