Domingo
22 de janeiro
Histórias sagradas
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16

Há algo de sagrado em nossas histórias. Sento-me ao lado de minha amiga Rita, que é paciente de um hospital. Sem me aprofundar, a história dela é sobre um acidente de carro que a deixou paralisada com uma lesão cerebral traumática, convulsões graves e aneurismas. Três semanas após a cirurgia no cérebro, ela escutou que “nada mais podia ser feito”. Em casa, frágil, ela me disse que foi “a melhor coisa que me aconteceu”, porque agora ela passa seus dias vasculhando memórias, orando e sendo imersa na graça de Deus todos os dias. “Conte-me uma história”, ela pediu com uma voz suave. “Uma boa lembrança.” Contei-lhe sobre uma tia minha que alimentava pássaros e cuidava de plantas e flores. Quando Rita me pediu para descrever o perfume das flores, procurei as palavras certas para descrever a beleza da criação de Deus. Lágrimas escorreram pelo seu rosto. “Agora me conte aquela história”, disse ela.

Surpresa, percebo que nunca pediram para eu contar essa história. Aqueles que leem meus textos têm fragmentos de experiências que podem um dia se encaixar em uma bela forma. Rita quer saber como todas aquelas peças surgiram. Conto-lhe sobre uma Bíblia infantil de capa dura que eu possuía, cheia das mais belas gravuras de Jesus. A capa mostrava Jesus sorrindo, segurando uma ovelha em Seus braços. Um dia, entendendo que eu era aquela ovelha, orei para que Ele fizesse parte da minha vida.

“Não consigo me lembrar de quando orei assim”, ela sussurra. “Eu orei. Preciso me lembrar.”

É a história dela que ela procura, não a minha. Como a morte lhe parece muito próxima, ela está pedindo uma lembrança de sua fé. Então, vejo uma velha Bíblia de couro, com folhas gastas, em sua mesa de cabeceira, com escritos recentes nas margens do Evangelho de João. Eu li, parafraseando as observações que ela fizera. Ela se lembrou e falou tudo sobre aquelas anotações. Algumas horas depois, quando a enfermeira chegou para o turno da noite, orei com Rita, segurei a mão dela e prometi visitá-la no dia seguinte. Na manhã seguinte, durante uma reunião dos professores da faculdade, soube que durante a noite Rita havia falecido dormindo, tranquilamente. Em meio às lágrimas, lembro-me de nossa última conversa: a história de como Rita conheceu Jesus.

Obrigada, Pai celestial, pela força de compartilhar histórias sagradas umas com as outras, uma oportunidade de consertar nosso caminho com a Sua graça. Tua presença nos dá força para Te servir.

{ Dixil Rodríguez }