–Não é justo! – gritou Melissa, dando pulos e golpeando o ar com os punhos cerrados.
– O que não é justo? – perguntei. Como resposta, Melissa pegou uma almofada e a jogou ao outro lado da sala, deixando por pouco de acertar um castiçal.
– Janice e Jason vão ao parque de diversões com a avó deles. Eu não tenho uma avó para me levar. Não é justo. – A seguir, mais pulos e agitação de braços. – Estou indignada, e com toda a razão! – Eu queria saber onde ela ouviu essa frase, pensei.
– Você precisa tomar cuidado com isso – eu disse, calmamente. – Não é do seu feitio gritar e jogar coisas quando você está chateada. – Melissa me olhou, intrigada. – Geralmente, você desabafa seus desapontamentos falando – expliquei. Diante disso, Melissa se deixou cair no chão, a própria figura do desânimo.
– Você sempre tem uma escolha em situações como essa – continuei.
– Pode escolher ficar zangada e desperdiçar tempo e energia agindo como doida, ou pode ficar feliz por Janice e Jason. Afinal, eles não tiveram a oportunidade de ir ao Grand Canyon no ano passado, quando você foi.
Melissa juntou a almofada e a devolveu ao sofá. – Ainda bem que a minha pontaria estava desligada – disse ela. – Caso contrário, eu poderia ter derrubado seu castiçal favorito e ficar de castigo.
– Não tem que ver com “poderia” – eu disse. – Jogar uma almofada por estar com raiva ou tristeza não seria um acidente.
Eu sabia que Melissa precisava descarregar a energia gerada pelo acesso de raiva. – Pegue seu casaco e vamos caminhar até a incubadora de peixes – sugeri. – Podemos conversar a respeito de algumas histórias bíblicas que contam o que aconteceu quando as pessoas externaram sua raiva de modo impróprio.
– Ah! – disse Melissa – assim como quando Balaão espancou sua jumenta (Números 22:28), quando Caim matou Abel (Gênesis 4:8) e quando Jezabel ficou furiosa com Elias (1Reis 19:2)?
Balancei a cabeça, confirmando. Enquanto Melissa corria para pegar seu casaco, eu a ouvi dizendo: “Não é do meu feitio gritar e jogar coisas. Eu desabafo meus desapontamentos falando.” Precisei sorrir.
Seria maravilhoso se os adultos reagissem assim.
Arlene R. Taylor