A ira, como a alegria, a tristeza, o medo e outras emoções, é um sinal de alerta do sistema neurobiológico que indica como vão as coisas conosco. Ela é um estágio além da raiva que, por vezes, fomenta uma reação imediata e às vezes desmedida.
O sinal da ira acende porque houve ameaça ao bem-estar emocional. Portanto, ela desencadeia no organismo comportamentos rápidos e eficazes para a sobrevivência.
Para cada indivíduo, há estímulos diferentes que acendem esse sinal, provavelmente, trazendo à tona um eu sensível à crítica, carente ou machucado.
Certamente há pessoas injustas e mal-intencionadas. Mas existem também ações mal interpretadas e há outras respostas além de alimentar a ira.
O que fazer com ela? Nossas reações comuns quando alguém frustrou nossas expectativas, atacou nosso senso de valor ou tirou-nos do controle são explodir, sublimar ou negar a ira, até adoecer ou vingar-se.
Explodir obscurece a percepção do fato que desencadeou a ira e compromete a capacidade de lidar com ela, desperdiçando energia, não gerando mudanças nos relacionamentos e servindo apenas para um alívio momentâneo do qual se pode arrepender depois.
Sublimar, negar e colecionar iras adoece. E vingar-se, ainda que legítimo, é, ao mesmo tempo, uma declaração de fraqueza.
Há outras formas de lidar com a ira. Volte-se para si e suas motivações ao senti-la e experimente outras respostas. Assumir o que sente é mostrar que você é transparente e honesta. Mas saber lidar com sentimentos assertivamente mostra que você é madura, tem amor-próprio e amor ao próximo. Confrontar o outro com franqueza sobre seu possível comportamento desamoroso ou intrusivo, etc., também é outra boa atitude. Muitos fogem ao confronto até se precipitarem numa decisão nada construtiva.
Sentir ira não é pecado, mas alimentá-la até envenenar todas as nossas atitudes, sim. Por isso, Paulo diz para resolvermos a questão no mesmo dia. Isso é uma responsabilidade nossa diante de Deus e é uma atitude saudável. Não deixe que o sol se ponha sobre sua ira. Tome a iniciativa de identificar exatamente o que houve, se há um eu machucado, se há um ofensor precisando de perdão, e encontre a cura.