A cultura dos povos bíblicos é cheia de gestos. Até hoje, no Oriente Médio, árabes e judeus vivem gesticulando na rua. Às vezes, um simples gesto deles vale por uma frase. O texto de hoje ilustra isso. No original hebraico, Abrão não diz “juro pelo Senhor”, mas, sim, “levantei minha mão ao Senhor”. Era assim que as pessoas juravam, combinando palavras a um gesto solene.
Muitos pensam que as palavras de Cristo “não jurem de modo nenhum” (Mt 5:34) seriam uma proibição ao juramento. Isso não é verdade. Em Seu julgamento, o próprio Jesus respondeu sob juramento (Mt 23:63, 64). Paulo também jurou perante Deus que estava falando a verdade (2Co 1:23; 11:31). O que Jesus condenou foi a hipocrisia de alguns judeus de Seu tempo que usavam um juramento para se livrar de seus deveres. Por exemplo, se alguém não quisesse cuidar de um pai idoso, desculpava-se dizendo que tinha jurado nunca tocar em um doente. Assim, livrava-se da obrigação de cuidar do pai.
Juramento é algo sério na Bíblia, pois envolve uma promessa ou afirmação feita perante Deus. A Bíblia proíbe o “falso” testemunho, não o verdadeiro. Portanto, não podemos usar a desculpa de não jurar para não nos comprometermos com a responsabilidade. Esse seria um modo diferente de cometer o mesmo erro dos judeus do tempo de Cristo.
Isaías 62:8 menciona que Deus “jurou pela Sua mão direita”. Em Apocalipse 10:5 e 6, um anjo representando Cristo jura por “Aquele que vive” que não haverá demora. Note que o próprio Senhor faz juramentos e ainda ergue Sua mão direita para que todos vejam. Ora, Deus não precisa fazer juramentos nem levantar a mão para dar crédito ao que diz. Ele é supremo e não precisa dar satisfação a ninguém.
Mesmo assim, a atitude humilde do Senhor deveria nos ensinar algo. Embora Deus seja completo em Si mesmo, Ele opta pelo relacionamento com Seus filhos e expressa Seus pensamentos e Suas intenções por meio de gestos. É por isso que temos cerimônias, como o batismo e a Santa Ceia. Muitos resistem a esses ritos, considerando sua relação com Deus como algo íntimo e secreto. Porém, estão enganados. O modo público de Deus agir deveria ser um incentivo para que também tornemos visível nosso compromisso com Ele.