Li algum tempo atrás a história de um rabino que pregava e orava como ninguém. Em um sábado, na sinagoga lotada, o rabino falou de maneira inspirada. Toda a audiência foi arrebatada por uma profunda convicção da presença divina. Foi então – conta a parábola – que um anjo falou ao rabino sobre uma oração perfeita que tinha sido elevada a Deus daquele lugar, criando o efeito percebido. No entanto, para surpresa do religioso, aquele clima não resultara de suas preces. A oração mais bonita da celebração viera dos lábios de um pedreiro que morava em uma das ruas mais distantes do bairro. O rabino ficou decepcionado e curioso. Queria saber quem era o homem que orava tão bem. Foi à periferia de Jerusalém em busca do endereço. Bateu à porta de uma casa bem simples e foi atendido por um idoso de poucas palavras. 

Depois de se certificar de que o homem havia ido à sinagoga naquele dia, o rabino perguntou: “Como foi sua oração?” O pedreiro disse que não havia conseguido acompanhar o programa impresso. Não sabia ler. No momento da oração, ele dissera apenas: “Deus, não sei o nome de todas as letras hebraicas, mas o que sei Te dou. Aqui estão estas letras: álef, bet, gimel, dalet… Combine-as de um jeito que agrade a Ti.” 

A oração é algo tão simples que até mesmo uma criança é capaz de fazer. Mas ao mesmo tempo é algo tão complexo que até os eruditos têm dificuldades para explicar. Talvez por isso Paulo tenha escrito que não sabemos orar como convém. Afinal, o que dizer a quem sabe de todas as coisas? Como pedir se não merecemos nada? E como pedir corretamente se nossos desejos são tortos e egoístas? A solução apresentada no texto de hoje é a intercessão do Espírito Santo. 

Sem Ele, seria impossível orar. É como se escrevêssemos uma carta com letra ilegível e com vários erros de concordância. O Espírito toma a carta nas mãos, lê e a reescreve em linguagem compreensível. Escreva suas preces com as letras que você tem, crendo na boa obra do Espírito. Ele é o melhor tradutor.