A psicologia explica a mentira pelo mecanismo de defesa; a sociologia, pela busca do poder; e a filosofia, pela imperfeição humana. Cristo, porém, atribuiu-a a uma causa espiritual. Ele declarou que o diabo é o “pai da mentira” (Jo 8:44). Jesus disse isso porque a mentira surgiu com Lúcifer no Céu. De forma misteriosa, o engano se enraizou no coração desse anjo querubim que aspirou ser igual ao Altíssimo (Is 14:12-14). Sua mentira e orgulho alçaram voos tão elevados que foram capazes de iniciar uma batalha nos campos celestiais. Essa guerra resultou na expulsão da terça parte dos anjos.
A partir daí, Satanás sempre procurou distorcer a verdade. Ele é especialista na arte da mentira, um verdadeiro ilusionista. Sua estratégia é misturar a verdade com o erro, assim como fez com Eva no jardim do Éden (Gn 3:1) e com Jesus no deserto (Mt 4:6). Ele odeia a verdade e faz de tudo para destruir a reputação alheia.
Curiosamente Levítico 19:16 associa a mentira com o assassinato. Nesse verso, “espalhar calúnia” é uma tradução do vocábulo hebraico rakhil. Essa palavra aparece em diversas passagens, referindo-se tanto a um comerciante que vai de porta em porta como também a um caluniador (Pv 11:13; Ez 17:4). A raiz rakhal também está relacionada com a ação de Lúcifer no Céu: “Por meio do seu amplo comércio [rekhullah], você encheu-se de violência e pecou” (Ez 28:16). Perceba: ao espalhar mentiras de ouvido em ouvido no Céu, Lúcifer cometeu violência, atentando contra o caráter de Deus.
Será que não cometemos pecados semelhantes com a nossa língua? O nono mandamento diz: “Não darás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx 20:16). Isso envolve calúnias, mentiras e também fofocas. É hora de repensar a maneira como temos usado as palavras. Cuidado para não destruir alguém com a sua língua! A Bíblia diz: “Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem” (Ef 4:29).