Ao banir Satanás do Céu, Deus declarou Sua justiça e manteve a honra de Seu trono. Quando, porém, o homem e a mulher pecaram, cedendo aos enganos desse espírito apóstata, Deus ofereceu uma prova de Seu amor, entregando o Filho unigênito para morrer pela humanidade decaída. Na expiação, o caráter de Deus é revelado. O poderoso argumento da cruz demonstra a todo o universo que o caminho do pecado, escolhido por Lúcifer, de maneira alguma era atribuível ao governo de Deus.
Na luta entre Cristo e Satanás, durante o ministério terrestre do Salvador, foi desmascarado o caráter do grande enganador. Nada poderia tão eficazmente ter desarraigado de Satanás as afeições dos anjos celestiais e de todo o universo fiel, como o fez a sua guerra cruel ao Redentor do mundo. A ousada blasfêmia de sua pretensão de que Cristo lhe rendesse homenagem, seu pretensioso atrevimento ao levá-lo ao cume da montanha e ao pináculo do templo, o mau intuito que se denuncia ao insistir com Ele para que Se lançasse da vertiginosa altura, a malignidade vigilante com a qual assaltava Jesus de um lugar a outro, inspirando o coração de sacerdotes e do povo a rejeitarem Seu amor, e o brado final: “Crucifica-O, crucifica-O” – tudo isso despertou o assombro e a indignação do universo.
Foi Satanás que promoveu a rejeição a Cristo por parte do mundo. O príncipe do mal exerceu todo o seu poder e engano a fim de destruir Jesus, pois viu que a misericórdia e o amor do Salvador, Sua compaixão e terna brandura estavam representando ao mundo o caráter de Deus. Satanás contestava tudo a que o Filho do homem pretendia, empregando pessoas como seus agentes a fim de encher de sofrimento e tristeza a vida do Salvador. O engano e falsidade pelos quais havia procurado atrapalhar a obra de Jesus, o ódio demonstrado por meio dos filhos da desobediência, suas cruéis acusações contra Aquele cuja vida era de bondade sem precedentes, tudo proveio de um sentimento de vingança profundamente arraigado. Os fogos da inveja e maldade, ódio e vingança, que se achavam contidos, irromperam no Calvário contra o Filho de Deus, ao mesmo tempo que o Céu todo contemplava a cena em silencioso horror. […]
A culpa de Satanás foi apresentada então sem retoque. Ele tinha revelado seu verdadeiro caráter como mentiroso e assassino (O Grande Conflito, p. 500, 502).