Terça-feira
10 de dezembro
Macerando a esperança
O meu coração se alegra e a minha língua exulta; além disto, também a minha própria carne repousará em esperança. Atos 2:26

A maceração é uma técnica muito antiga utilizada para amolecer e dar aroma aos alimentos. Consiste, primeiramente, em introduzir o alimento em um líquido (água, azeite, leite, etc.) para que adquira uma consistência e sabor mais apropriados, de acordo com o propósito do cozinheiro. Depois, é preciso dar tempo para que o alimento se transforme.

Em seu sermão do Pentecostes, Pedro empregou um texto de Davi (Sl 16:9) em que este falava da condição humana e de como o ser humano encontra estabilidade em Deus. Segundo Davi, seu coração se alegrou, sua língua exultou e seu corpo pôde repousar em esperança. É uma imagem que me faz lembrar a sensação que experimentamos em uma festa: alegria, conversas animadas e, quando todos vão embora, lembranças. Lembranças que nos fazem sorrir novamente e desejar que a experiência se repita. Colocamos, então, para macerar nossas esperanças de novos encontros.

O sermão de Pedro acelerou a propagação da imagem pública da igreja primitiva. Aparentemente, a partir daquele momento, não houve descanso para nenhum cristão. As pressões políticas e as perseguições sociais se intensificaram. Apesar disso, olhar para Jesus os motivava a viver alegres entre as penúrias, a falar com simpatia em meio às injustiças, a macerar o próprio ser na esperança enquanto tudo era trevas. “Sob a mais feroz perseguição, essas testemunhas de Jesus conservaram sua fé incontaminada. […] Com palavras de fé, paciência e esperança, encorajavam uns aos outros a suportar privações e aflições. A perda de todas as bênçãos terrenas não podia forçá-los a renunciar a sua fé em Cristo. Provas e perseguições nada mais eram do que passos que os levavam para mais perto de seu descanso e sua recompensa” (Ellen G. White, Cristo Triunfante, p. 352).

O mesmo Pedro falaria posteriormente sobre a “viva esperança” para a qual Deus nos regenera (1Pe 1:3-5). Essa esperança maravilhosa, macerada entre os sofrimentos desta vida, nos dá a certeza de que em breve nos encontraremos na presença do Salvador, onde já não haverá mais pranto nem pesar. Lá a alegria será plena, e o sabor da eternidade não terá comparação. Você tem se preparado para esse grande encontro?