Segunda-feira
08 de maio
Mãe
Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade. Eclesiastes 3:11

Há pouco tempo, levamos mamãe para um residencial que disponibiliza auxílio para determinadas atividades. Sua crescente fragilidade física e o declínio da capacidade cognitiva necessitavam de uma mudança.

Algumas de vocês já experimentaram a dificuldade de tentar convencer um familiar resistente quanto a sua necessidade de mais assistência. O volume de trabalho exigido para selecionar, empacotar, guardar ou descartar os objetos de uma casa cheia, que não são seus, é esmagador.

Já me mudei várias vezes e sei que encaixotar leva tempo, e não foi difícil prever que mamãe também necessitaria de muito apoio emocional adicional.

O que me surpreendeu, porém, foi o processo pessoal que a mudança de mamãe acionou em mim. A minha própria mortalidade se tornou mais real, e as tristezas e perdas da idade, mais concretas. O que será da vida sem mamãe para me confortar e guiar? De que maneiras a minha mente e o meu corpo falharão nos anos vindouros? Posso enfrentar meu próprio declínio inevitável com coragem e graça? Qual é o sentido em uma vida que sempre acaba em declínio e morte?

O idoso rei que escreveu Eclesiastes travou uma luta com questões semelhantes.

“Nem o sábio, nem o tolo serão lembrados para sempre […]. Que proveito tem um homem de todo o esforço e de toda a ansiedade com que trabalha debaixo do sol?” (Ec 2:16, 22).

A resposta que o escritor dá a essa pergunta eu também vejo emergir na vida de mamãe. “Para o homem não existe nada melhor do que comer, beber e encontrar prazer em seu trabalho” (v. 24).

Mamãe vive no presente. Ela gosta de comer devagar e com cuidado. Seus prazeres e tristezas são momentâneos, e rapidamente substituídos. As necessidades são poucas e
os desejos, mínimos. De modo impressionante, ao fim de uma vida muito produtiva
e de ocupação constante, tempo é aquilo que ela tem agora em abundância. Verdadeiramente, “para tudo há uma ocasião certa” (Ec 3:1).

E, assim, encontro conforto e esperança para a minha jornada. Ninguém sabe o que o futuro lhe reserva, mas, por hoje, posso comer, beber e encontrar prazer no meu trabalho.

Posso deixar mamãe, e minhas indagações, nas mãos de Deus, que tudo fez “formoso no seu devido tempo” (Ec 3:11, ARA).

Cheryl Doss