Um item muito usado pelas mulheres é a meia-calça. Uma particularidade das meias-calças é que, embora sejam elásticas, fiquem expostas e proporcionem proteção, são, ao mesmo tempo, frágeis e desfiam com relativa facilidade. Quem nunca passou pela desagradável situação de esbarrar a perna em um móvel ou enganchar a rebarba de uma unha e acabar com suas meias desfiadas? Mais frustrante é desfiar uma meia ao vesti-la logo após retirá-la da embalagem.
Certa manhã, ao me arrumar para o trabalho, vesti uma meia-calça, e logo percebi que ela estava desfiada. Aquela meia não era nova; ainda assim, fiquei chateada. No entanto, lembrei-me de que na última vez que eu havia usado aquela peça não fui tão cuidadosa ao separá-la para lavar: deixei-a desprotegida por certo tempo e, possivelmente, foi por esse motivo que ela acabou desfiando. Assim, tive que assumir minha dose de (ir)responsabilidade sobre aquela “perda”.
De certa maneira, podemos nos comparar a meias-calças. Somos consideradas fortes e “elásticas” por enfrentarmos uma jornada dupla ou, algumas vezes, tripla; cuidarmos de nossas famílias e de outras pessoas; ser profissionais e participarmos ativamente em nossa igreja local. No entanto, também necessitamos de cuidados. Embora sejamos fortes, somos, ao mesmo tempo, frágeis: podemos quebrar ao ultrapassarmos nossos limites, e também ser quebradas pelas atitudes de outras pessoas. Precisamos ser protegidas, não apenas dos outros, mas principalmente de nós mesmas; essa é uma escolha que deve ser renovada a cada dia, e uma atitude que apenas nós mesmas podemos tomar.
A Bíblia nos aconselha a guardar o nosso coração, porque dele procedem as fontes da vida. O coração humano é frágil. Ao nos afastarmos daquilo que nos distancia de Deus ou nos machuca, estamos cuidando de nós mesmas. Proteger-se não faz de você inferior ou incapaz; tampouco a diminui como mulher ou ser humano. Reconhecer nossa vulnerabilidade e respeitar nossos limites é fundamental para crescermos espiritualmente.
Meu desejo é que hoje renovemos nossa escolha de protegermos nosso coração e, assim, experimentemos as bênçãos e as alegrias de ser, ao mesmo tempo, frágeis e fortes.
Bruna Cornieri