Não quero envelhecer, mas me recuso a fingir que não está acontecendo. Além disso, minha vida não começa e acaba com a existência temporal. No verso bíblico acima, Deus – por intermédio de Paulo – não nega os fatos tristes do envelhecimento e da morte. Na verdade, Ele os coloca nos termos mais gráficos e desesperadores. Imagine se a Comissão Especial dos Estados Unidos Sobre o Envelhecimento mudasse seu nome para Comissão Especial Sobre Decadência? Os idosos invadiriam a Casa Branca em massa, agitando os andadores e as bengalas, exigindo uma classificação menos depreciativa. Com esse realismo, o verso coloca os inevitáveis ?pontos negativos de nossa existência no contexto de uma poderosa esperança espiritual. “Nosso homem interior é renovado dia a dia”.
O quê? Você quer dizer que algo em mim está melhorando em vez de piorar? Em Jesus, eu realmente melhoro com a idade, assim como a madeira de um instrumento, amaciada pelo tempo, dando-lhe uma melhor ressonância. Eu melhoro como faz uma toalha velha e surrada que absorve mais água. Eu melhoro como uma mulher de seus 57 anos que está se tornando mais semelhante a Jesus todos os dias, por meio de uma renovação interna contínua.
O que é esse “homem interior” que está “sendo renovado dia a dia”? A palavra esothen (no grego) se refere à vida interior do ser humano. Jesus disse: “Pois do esothen, do coração dos homens, vêm os maus pensamentos” (Mc 7:21, NVI). A renovação do esothen, então, é a experiência de renascimento que Jesus apresentou a Nicodemos, num murmúrio, numa noite enluarada. Para melhorar “o caráter”, precisamos de uma intervenção divina direta e dramática. Devemos nascer de novo.
Meu maior medo no envelhecimento não é perder a memória ou a inteligência, mas me tornar mal-humorada, indiferente, sem amor e antipática. O declínio cognitivo pode roubar de um indivíduo a habilidade de “vestir” uma boa personalidade, mas o caráter reside em um nível mais fundamental. Você não pode fingir ter um bom caráter. Mas um coração transformado dia a dia pelo Espírito Santo pode ficar suave com amor e graça muito depois que a mente decair. Eu quero essa transformação.
E, quando eu não tiver 57 anos, mas 87 (se eu viver tanto tempo), talvez nos últimos estágios da demência, eu quero ser como a doce idosa que beijou sua filha e disse: “Eu não sei quem você é, mas amo você.”
Jennifer Jill Schwirzer