Terça-feira
20 de junho
MIGALHAS
Disse ela, porém: “Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.” Mateus 15:27

O verso de hoje foi extraído de uma história “invertida” da Bíblia. Nela encontramos Jesus assumindo uma postura diferente da que estamos acostumados a ver nos evangelhos. Aparentemente Ele foi rude com a mulher siro-fenícia, pois agiu com indiferença ao pedido feito por ela em favor de sua filha que estava terrivelmente endemoniada. 

Em geral, os judeus não viam os gentios com bons olhos. Eles eram discriminados e considerados animais imundos. Eram tratados como porcos ou cães. Os judeus entendiam que as bênçãos da salvação pertenciam apenas a eles e que estas seriam um desperdício na “mesa” dos estrangeiros. 

A situação era tão dramática que muitas das orações de Israel eram para que Deus viesse extirpar, subjugar e humilhar os inimigos gentios da nação. Provavelmente a razão dessa hostilidade remonte aos tempos de escravidão e exílio que os judeus sofreram em terras pagãs. 

No entanto, aquela mulher não tinha culpa desse lamentável histórico. Ela era uma vítima de conflitos políticos, religiosos e até espirituais. Para piorar a situação, Jesus e Seus discípulos viraram as costas para ela, como se fosse um cão de rua, confirmando assim a discriminação vigente. 

Mas aqui entra a beleza do relato. Apesar de todas as condições serem desfavoráveis, a pobre mulher confiou em Jesus como o Único capaz de resolver seu problema. Mesmo diante do aparente desprezo do Mestre, ela creu até suas últimas forças, suplicando as “migalhas” de bênçãos que cairiam da mesa do Salvador. 

Em resposta àquela atitude, Jesus disse: “Mulher, grande é a sua fé! Seja conforme você deseja” (Mt 15:28). E, no mesmo instante, a sua filha foi curada. Mas por que Jesus agiu daquela forma? Ellen White comentou que foi uma “sutil reprovação aos discípulos […], para lembrar-lhes o que lhes dissera muitas vezes: que Ele viera ao mundo para salvar todos os que O aceitassem” (O Desejado de Todas as Nações, p. 316 [401]). 

Talvez você também tenha sofrido discriminação e um aparente abandono da parte de Deus. Não desanime. Até as “migalhas” do banquete divino são repletas de amor e misericórdia e são capazes de resolver as piores provações.