No início do ministério, meu marido auxiliava no departamento de colportagem e viajava bastante. Frustrada por ver nossa pequena filha crescendo quase sem a presença paterna e sentindo solidão por suas constantes ausências, comecei a me questionar sobre o meu casamento. Desalentada, em uma sexta-feira à noite, coloquei minha filhinha de poucos meses para dormir e fui à biblioteca. Lá encontrei um livro que eu tinha lido aos 12 anos de idade. O título era Prendam-no.
O livro contava sobre a história da prisão do pastor Henrique Berg na África. Durante seis meses enfrentara circunstâncias torturantes, passando fome, em um minúsculo espaço de cerca de 70 metros quadrados, que ele chegou a dividir com mais uns 200 presos, sem instalações sanitárias adequadas.
Sua esposa, Miriam, resignou-se a levar avante a obra de Deus, substituindo- o à frente da missão, transmitindo força e coragem aos membros nativos. Ela se recusou a voltar para sua terra enquanto o marido estivesse preso.
Diariamente, ela corria risco de ser presa ou morta nos constantes tiroteios. Percorria a cidade em busca de comida para ela, as filhas e o marido preso. Ia de um gabinete governamental a outro, recebendo insultos, recusas e palavras de desânimo, para conseguir a liberdade do marido.
Após a libertação do marido, quando os meses de intensa pressão emocional quase o fizeram sucumbir, ela estava firme, encorajando-o a prosseguir.
Quando o pastor Berg contava sua história, dizia: “Depois de nosso Pai celestial, minha querida companheira merece minha maior gratidão por sua coragem, lealdade, amor, paciência, fé e serenidade. Agradeço ao Senhor por tê-la dado a mim; Ele não poderia ter-me concedido maior bênção.”
Absorta pela história, li até tarde da noite. Sentia um misto de vergonha e a forte percepção divina de que deveria ter paciência e amadurecer. Decidi nunca mais reclamar das viagens de meu marido. Tomaria iniciativas para superar sua ausência.
Louvado seja Deus pelos bons modelos de mulheres que nos inspiram a não nos prostrar diante dos problemas, e a nos mantermos fiéis companheiras, cumprindo seja qual for a missão que o Senhor nos concedeu!