Sábado
04 de janeiro
Morte solitária
Ora, Eliseu estava sofrendo da doença da qual morreria. Então Jeoás, rei de Israel, foi visitá-lo e, curvado sobre ele, chorou gritando: “Meu pai, meu pai!” 2 Reis 13:14

Como enfermeira, pude presenciar muitas cenas de alegria e outras de extrema tristeza. Lembro-me de um fato ocorrido bem no início de minha carreira profissional que me fez pensar no peso do sofrimento e na angústia da solidão.

Era domingo, e eu trabalhava em um grande hospital como plantonista. Ouvi chamar meu nome pelo alto-falante do hospital pedindo que me dirigisse ao setor de internação, com urgência. Ao chegar lá, me deparei com uma cena estarrecedora: um homem de aproximadamente 40 anos de idade estava com um cateter de oxigênio no nariz e com as extremidades das mãos e dos pés arroxeados. Isso era um sinal de falta de oxigênio. O paciente mal conseguia falar de tanta falta de ar. Seu desespero era chocante! Estava com câncer pulmonar em estágio avançado. Imediatamente chamei o médico. Começava o drama de conseguir transferência para uma UTI.

Diante desse quadro angustiante e sem solução imediata, cerquei o leito do paciente com biombos, puxei uma cadeira, peguei a Bíblia e, de mãos dadas, comecei a orar e ler salmos. Quando terminava um, ele pedia que lesse outro, e assim fiquei até o seu completo descanso. Não havia nenhum familiar para compartilhar seu desespero e aliviar sua dor. A morte agonizante é muito cruel, mas pode ser atenuada adotando procedimentos terapêuticos adequados.

Esse fato me fez lembrar de um episódio marcante na vida do profeta Eliseu. Seu antecessor, Elias, não conheceu a morte e foi levado para o Céu em um carro de fogo. Por outro lado, Eliseu, que recebera porção dobrada do Espírito Santo, estava no fim de sua vida em uma cama, padecendo de uma doença incurável. O sofrimento e a dor desse homem de Deus não foram suficientes para roubar-lhe a fé, a esperança e a paz. Ainda no fim de sua vida profetizou para o rei Jeoás e, mesmo depois de sua morte, um homem, quando sepultado, ressuscitou ao tocar nos ossos do profeta. Obviamente isso não aconteceu pelo poder de Eliseu.

Como me comporto diante do sofrimento de um irmão na fé ou mesmo de um desconhecido que tem a solidão como agravante? Mesmo homens fortes como Eliseu e o próprio Cristo necessitaram de companhia nos momentos de dor.

A presença de um ombro amigo e de uma mão caridosa pode aliviar a dor, curar uma enfermidade ou simplesmente trazer paz. Isso Jesus faz por nós todos os dias.

Vânia Denise Carnassale