Muitos creem que as condições sociais e as manifestações artísticas do passado proporcionavam um estado mais propício para a estabilidade da vida de um cristão. Entretanto, o que podemos perceber é que hoje nossa sociedade está apenas mais instável e distante dos trilhos, à semelhança de um vagão que, desgovernado, caminha em direção ao abismo. O que nossa cultura faz é revelar em fortes cores a degeneração ética e moral de todos os ramos sociais de uma sociedade mergulhada no pecado.
Quando falamos de nossa cultura atual e visão de mundo ocidental, precisamos nos remeter à década de 1960 quando houve uma revolução do mundo para uma atitude de ruptura social, econômica e moral, levando as gerações seguintes a vivenciar novas formas de pensar e agir. Antes disso, a sociedade se inspirava em alguns referenciais de autoridade. Depois dessa época, ela perdeu seus referenciais e passou a buscar referências que remetiam à libertação de um padrão de vida tradicional.
Nesse esquema, Deus deixa de ser uma figura a se imitar, e é substituído por sentimentalismo pecaminoso e mentalidade materialista. A partir de então, a sociedade acredita que é preciso competir (com o outro), ter mais (que o outro) e ser melhor (que o outro) – ideias absolutamente opostas a todo princípio bíblico de realização (“Estejam alertas e vigiem”; 1Pe 5:8), serviço e grandeza (“E quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo”; Mt 20:27).
Interessante é que dizer-se cristão, dentro dessa realidade, pode não fazer a mínima diferença, pois esse contexto não isenta ninguém das armadilhas, dos desejos e sentimentos desse mundo. Todos são vítimas em potencial. Diante dessa situação, a única saída para ser um cristão verdadeiro é abrir mão do próprio eu e da cobiça. É preciso uma indiferença genuína e racional diante dos apelos sociais errôneos. É preciso voluntariamente ansiar por Deus, querer mais Dele e absorver mais de Suas influências. Não há alternativa. Caso contrário, todos se tornarão marionetes de uma sociedade dominada pelo pecado.