Dizem que, à noite, todos os gatos são pardos. De fato, quando há trevas, anonimato ou indiferença, poucos são os que, corajosamente, assumem uma postura clara diante de um dilema ou uma questão delicada. É mais fácil seguir a corrente e diluir-se na multidão, pois a atitude da maioria funciona como uma cerca de proteção para quem não quer se comprometer.
Mesmo assim, existem muitos momentos na vida em que precisamos tomar decisões e nos posicionar. Eu me refiro a situações, desafios, necessidades ou problemas que requerem uma resposta, seja a circunstância favorável ou não. Em circunstâncias semelhantes, não há como não se posicionar. Isso foi o que ocorreu com Pilatos no julgamento de Jesus.
Na época, os judeus estavam sob o domínio dos romanos. Não podiam, portanto, proferir sentença válida contra alguém, e menos ainda de morte. Só as autoridades romanas tinham essa prerrogativa. Por isso, Jesus foi levado ao governador da Judeia, para ser julgado e sentenciado. Para Pilatos, Jesus era um pobre galileu, e toda a situação lhe cheirava a conspiração, inveja e manipulação política. Pilatos sabia o que fazer, mas não fez. Sabia que Jesus era inocente, mas não O absolveu. Por quê? É que ele não tinha nada contra Jesus, mas também não tinha nada a favor.
A decisão de Pilatos me faz refletir. Mesmo não querendo, ele teve que tomar partido, por mais incômoda e indesejada que fosse aquela situação. Teve que agir, ainda que preferisse a inércia ou quisesse optar por não se envolver e ficar no esquecimento. A vida real muitas vezes trata você dessa forma: pede que tome uma decisão, quando você preferiria não se envolver. Nesses casos, não dá para se omitir, porque até permanecer em silêncio significaria se posicionar.
Há muitas coisas que você não precisa dizer, pensar ou fazer, porque não lhe competem. No entanto, decidir o que você fará com Jesus não é uma delas. Se você não tem nada contra Ele, então procure ter algo a favor. Chegará o momento – se é que ainda não chegou – em que, como Pilatos, você terá que dar o seu veredito. E qual será?